O grupo Hamas anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da guerra com Israel, enquanto o governo israelense ainda discute internamente o plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação foi divulgada por Khalil al-Hayya, um dos principais representantes do grupo e negociador-chefe nas tratativas que envolveram mediadores norte-americanos, árabes e turcos.
Em comunicado, o Hamas declarou que recebeu “garantias de nossos irmãos mediadores e do governo americano, que afirmam que a guerra terminou por completo”. Segundo al-Hayya, a decisão marca o início de um processo voltado à reconstrução de Gaza e à libertação de prisioneiros palestinos.
Hamas destaca papel de mediadores internacionais
De acordo com o representante do Hamas, os Estados Unidos, países árabes e a Turquia atuaram diretamente para garantir o cessar-fogo permanente. O líder afirmou que o grupo continuará “trabalhando com as forças nacionais e islâmicas para concluir as etapas restantes e alcançar os interesses do nosso povo palestino, sua autodeterminação e o cumprimento de seus direitos até o estabelecimento de seu Estado independente com Jerusalém como capital”.
Khalil al-Hayya também destacou que a delegação do Hamas abordou as negociações com “grande responsabilidade”, apresentando uma resposta “que atende aos interesses do nosso povo, protege seus direitos e evita derramamento de sangue”. O plano de paz, segundo ele, inclui a libertação de reféns e prisioneiros, o início do cessar-fogo e o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
O grupo afirmou que aguarda a ratificação da primeira fase do acordo por parte do governo israelense. Essa etapa prevê a troca de prisioneiros, a liberação de reféns israelenses e a autorização para a entrada de suprimentos em Gaza.
Crianças palestinas celebram em Deir al-Balah, centro de Gaza 9/10/2025 REUTERS/Dawoud Abu Alkas
Primeira fase do acordo assinada no Egito
Fontes diplomáticas informaram que Israel e Hamas assinaram nesta quinta-feira, mais cedo, no Egito, a primeira fase do acordo de cessar-fogo. O plano inclui a libertação de centenas de prisioneiros palestinos, o início da retirada gradual das tropas israelenses de partes de Gaza e a entrada diária de caminhões com alimentos, remédios e outros itens essenciais.
Em discurso ao público palestino, Khalil al-Hayya afirmou que “Israel e Hamas chegaram a um acordo para encerrar a guerra e a agressão contra nosso povo”. O líder detalhou que o acordo prevê a libertação de 250 palestinos condenados à prisão perpétua e de cerca de 1.700 moradores de Gaza detidos desde o início da guerra, há dois anos.
O Hamas afirma que recebeu novas garantias de Washington e de mediadores internacionais de que o cessar-fogo será mantido e que os próximos passos incluirão negociações sobre a reconstrução de Gaza e a retomada de serviços essenciais no território.
Segundo o jornal The New York Times, al-Hayya evitou mencionar pontos mais delicados das negociações, como o desarmamento do Hamas e a possível presença de forças internacionais no território palestino após o acordo. Esses temas ainda estariam sendo debatidos entre as partes envolvidas.
Governo israelense deve votar cessar-fogo
O gabinete de segurança de Israel, responsável por aprovar a implementação do cessar-fogo, adiou a reunião que estava prevista para esta quinta-feira, mas deve se reunir novamente ainda hoje. Uma porta-voz do governo israelense afirmou que “o cessar-fogo em Gaza começará dentro de 24 horas após a aprovação do gabinete”.
Pouco antes do anúncio do Hamas, o presidente Donald Trump declarou, durante uma reunião de gabinete na Casa Branca, que o Oriente Médio “está caminhando para uma paz duradoura”. O governo americano não divulgou detalhes sobre os termos do acordo, mas confirmou a mediação direta nas conversas.
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