O câncer de mama permanece como a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil, sendo também o tipo de tumor mais comum nessa população. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa para o triênio 2023-2025 aponta para 73.610 novos casos anuais, e em 2023 foram contabilizadas mais de 20 mil mortes pela doença no País.
Dados recentes, contidos na publicação Controle do Câncer de Mama no Brasil – 2025, mostram avanços e desafios. Entre as “notícias boas”, a chefe da Divisão de Detecção Precoce do Inca, Renata Maciel, destacou o aumento da oferta, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), da pulsão por agulha grossa, um procedimento fundamental para a confirmação diagnóstica. Houve também uma melhoria no tempo entre o diagnóstico e o primeiro tratamento nos últimos três anos, com a Região Sul apresentando o maior percentual de casos tratados em até 60 dias.
No entanto, a mortalidade por câncer de mama observou um aumento em mulheres de 80 anos ou mais, embora tenha reduzido em idades mais jovens. O maior percentual de mortes ainda está concentrado na população entre 50 e 69 anos.
Entre os principais desafios, Maciel aponta a organização da rede pública, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. A cobertura do rastreamento por mamografia continua baixa no Brasil, apesar de ser um exame essencial que pode reduzir a mortalidade em até 45%.
A meta é alcançar 70% de cobertura, mas a variação atual é grande, oscilando entre 5,3% em alguns Estados do Norte e 33% no Espírito Santo. Recentemente, o Ministério da Saúde ampliou o acesso à mamografia pelo SUS para mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos, visando o diagnóstico precoce.
Uma pesquisa recente feita pela Ipsos-Ipec, a pedido da Pfizer, apontou um alto grau de desconhecimento sobre fatores de risco e de proteção da doença. Os menos conhecidos pelas mulheres participantes incluem o consumo de álcool (desconhecido por 64% das entrevistadas), o excesso de peso (63% desconhecem) e o fato de não terem tido filhos (84% desconhecem). A amamentação é um fator de proteção pouco conhecido por 63% das mulheres.
Há também uma percepção equivocada sobre a herança genética: a maioria acredita que o histórico familiar é o principal fator de risco, embora apenas 5% a 10% dos casos estejam ligados à genética.
O rastreamento por mamografia, recomendado pelas sociedades médicas a partir dos 40 anos, ainda é subestimado. Muitas mulheres acreditam que após uma mamografia inicial sem alterações, estão liberadas para realizar apenas o autoexame em casa. Contudo, a oncologista enfatiza que a palpação só detecta o tumor em estágios mais avançados, reforçando que a mamografia de rotina detecta o câncer precocemente, quando é mais fácil de tratar, contribuindo para a redução da mortalidade.
No cenário regional, o Estado de Goiás deu um passo importante no combate à doença. O Governo de Goiás lançou, em 6 de outubro, o Protocolo e Linha de Cuidado do Câncer de Mama, uma iniciativa que faz parte do Programa Goiás Todo Rosa, da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO).
A medida visa organizar e qualificar a rede de atenção oncológica do Estado, assegurando diagnóstico precoce, tratamento mais ágil e, consequentemente, a redução da mortalidade entre as mulheres goianas.
De acordo com o Inca, a estimativa de novos casos em Goiás para o triênio 2023-2025 é de 3.397 casos, sendo 1.594 em 2023, 1.270 em 2024 e 533 em 2025 (dados preliminares). Em termos de mortalidade, o Estado registrou 1.717 óbitos no mesmo período (640 em 2023, 625 em 2024 e 452 em 2025, dados preliminares).
O programa Goiás Todo Rosa, criado em 2023, já trouxe avanços notáveis. Foi o primeiro programa estadual a disponibilizar no SUS o painel genético para cânceres de mama e ovários hereditários.
Micropigmentação paramédica: técnica vai além da estética e resgata a autoestima
Paralelamente aos avanços clínicos e de gestão, a recuperação emocional e da autoestima é um pilar crucial no pós-tratamento. Nesse contexto, a micropigmentação paramédica tem sido destacada, especialmente durante a campanha Outubro Rosa, como uma importante aliada na superação.
A micropigmentação paramédica é indicada principalmente para mulheres que passaram pela mastectomia, pois o procedimento reconstrói a aréola e o mamilo, restaurando o aspecto natural e harmônico da mama.
A especialista no procedimento, Elisangela Mamede explica que a técnica não possui apenas um caráter estético, mas é profundamente simbólica. Muitas mulheres relatam sentir-se “completas novamente” ao se olharem no espelho após a sessão, marcando o fechamento de um ciclo doloroso e o início de uma nova fase, resgatando a feminilidade, a autoconfiança e o amor-próprio.
Embora similar a uma tatuagem comum, a micropigmentação paramédica utiliza pigmentos e profundidades específicas, respeitando a sensibilidade da pele reconstruída. O objetivo é reproduzir as nuances e texturas da aréola, criando um efeito tridimensional realista.
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