Bruno Goulart
As eleições de 2026 em Goiás começam a ganhar novos contornos com a movimentação do PT. O partido empossou nesta quinta-feira (2) sua nova direção estadual, que terá a missão de conduzir a sigla no processo de organização interna e preparação para a disputa. Embora a pauta oficial tenha sido a definição do diretório e da executiva, lideranças confirmaram que a prioridade nos próximos meses será construir um nome competitivo para a corrida ao Palácio das Esmeraldas.
A deputada federal Adriana Accorsi, presidente estadual do PT, explicou ao O HOJE que a legenda pretende se antecipar. “O Partido dos Trabalhadores em Goiás vai definir uma pré-candidatura ao governo estadual antes da virada do ano. Vamos buscar definir uma chapa junto com lideranças progressistas e com a direção nacional. Nossa intenção é ganhar tempo para fortalecer essa candidatura e garantir também um palanque forte para o presidente Lula. Não há nada definido e nenhuma hipótese é descartada, inclusive a de apoiar uma candidatura de outro partido, desde que seja uma aliança de apoio à reeleição do presidente”, afirmou.
Dentro da legenda, no entanto, há divergências. O deputado estadual Mauro Rubem defende que a sigla apresente uma candidatura própria. “Minha posição é que temos que ter candidatura do campo de esquerda e progressista, pois as eleições no Brasil serão a disputa mais importante no tabuleiro geopolítico mundial. Não à toa que Donald Trump tem atacado nossa democracia e soberania. Assim, temos que ter um palanque com identidade orgânica com nosso programa de desenvolvimento para Goiás e o Brasil”, disse.
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Segundo Mauro, nomes não faltam: “Temos vários: Adriana Accorsi, vereador (por Goiânia) Professor Edward e outros. Nosso objetivo é apresentar um programa para Goiás sintonizado com os avanços do Governo Federal, ouvindo a sociedade e organizando a população, principalmente nas áreas como segurança, saúde, educação e desenvolvimento sustentável, que hoje estão sendo tratados com muita propaganda. Assim queremos ganhar as eleições em Goiás para cuidar do nosso Estado.”
A pré-candidata a deputada estadual, vereadora Kátia Maria, pondera que o debate eleitoral ainda está no início. “A reunião de hoje foi sobre a composição da direção. Acho que o PT vai buscar construir esse nome, apresentando um projeto para a sociedade. O PT sempre foi engajado e tem propostas que se conectam com o povo”, afirmou.
Kátia acrescenta que a prioridade será fortalecer a aliança com Lula. “A missão é fazer um palanque forte para o presidente. Não temos nomes ventilados ainda, mas essa é uma vantagem do PT: sempre temos bons quadros. A discussão é se já se lança esse nome agora, aproveitando a pré-campanha, ou se esperamos conversas com outras forças políticas do Estado para decidir mais adiante.”
Pré-candidatura atrapalha mais Marconi
Para o historiador e mestre em Políticas Públicas Tiago Zancopé, a entrada do PT amplia o debate, mas não atinge a todos da mesma forma. “Eu vejo como importantíssima para Goiás a entrada do PT na disputa. Não apenas do PT, mas também do PSB, PDT, PV, PCdoB, PSTU, PSOL e União Popular. Quanto mais ideias forem colocadas, melhor. O problema é que, na prática, as campanhas muitas vezes se resumem a polarizações”, avaliou.
Segundo Zancopé, o impacto pode ser desigual. “No caso específico de 2026, eu não sei se a candidatura da esquerda atrapalha tanto Daniel Vilela, porque o governo Caiado já montou uma estrutura capilarizada de programas sociais que o eleitor associa diretamente à gestão estadual. Agora, acredito que isso pode prejudicar Marconi Perillo, que precisa defender a ideia de gasto público e de um tempo de realizações. Quando o PT traz Lula como referência, o peso das entregas do ex-presidente supera o discurso do ex-governador.” (Especial para O HOJE)