A segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU), marcado para 2025, trará novidades importantes para os candidatos. O processo seletivo será organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), banca conhecida por adotar um estilo “acadêmico”, com provas longas, interpretativas e consideradas mais cansativas em comparação a outras instituições. A prova objetiva será realizada em 5 de outubro, enquanto a discursiva está prevista para 7 de dezembro, restrita aos aprovados na primeira etapa.
Perfil da banca
A estreia do CNU, em 2024, ficou sob responsabilidade da Fundação Cesgranrio, que aplicou provas de nível considerado médio, com questões diretas. Agora, a FGV assume o concurso e deve elevar a complexidade. De acordo com especialistas, a banca costuma elaborar enunciados extensos, gráficos e situações-problema, exigindo leitura atenta, raciocínio lógico e interpretação detalhada. Segundo o professor Eduardo Cambuy, do Gran Concursos, “a FGV força o raciocínio e exige análise cuidadosa, o que torna as provas mais densas”.
Além de elaborar as questões, a FGV cuida de todas as etapas do certame: inscrições, aplicação das provas, correção, divulgação dos resultados e entrega da lista final de aprovados ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), responsável pelo concurso.
Estrutura das provas
O CNU 2025 será dividido em duas fases eliminatórias. A primeira é a prova objetiva, em 5 de outubro, aplicada em todo o país. Ela terá questões de múltipla escolha, com cinco alternativas, divididas entre conhecimentos gerais e específicos.
Para cargos de nível superior, serão 90 questões, sendo 30 de conhecimentos gerais e 60 específicos, com duração de cinco horas (13h às 18h). Já para cargos de nível intermediário (médio e técnico), a prova contará com 68 questões — 20 gerais e 48 específicas —, com tempo de 3h30 (13h às 16h30).
A segunda fase será a discursiva, no dia 7 de dezembro. Os candidatos de nível superior responderão a duas questões dissertativas, em três horas de prova. Já os de nível intermediário farão uma redação dissertativo-argumentativa, em duas horas. Essa etapa terá peso decisivo na classificação final.
Estratégias e cuidados
Especialistas alertam para o tempo apertado: em média, o candidato terá apenas três minutos para cada questão objetiva. Bruno Bezerra, professor do Estratégia Concursos, recomenda resolver primeiro as perguntas mais rápidas e deixar as mais trabalhosas para o final. “É comum que o participante não consiga sequer ler todas as questões. A estratégia pode definir a aprovação”, afirma.
Outro ponto favorável ao candidato é a inexistência de penalização por erro. Diferentemente de bancas como o Cebraspe, no CNU não há perda de pontos em caso de resposta incorreta. Por isso, especialistas recomendam que todas as alternativas sejam marcadas, mesmo em caso de dúvida.
Conteúdos e estilo da cobrança
A FGV valoriza interpretação de texto em todas as disciplinas. Até 40% das questões de Português são voltadas para esse tipo de cobrança. Em Direito, a banca costuma reproduzir trechos da Constituição e de leis, alterando palavras ou contextos para testar a atenção do candidato. Também são frequentes perguntas que mesclam doutrina, jurisprudência e situações-problema, especialmente envolvendo tribunais superiores.
Em Matemática, predominam problemas de lógica; em Contabilidade, cálculos extensos. Segundo a professora Letícia Carneiro Bastos, mesmo conteúdos gramaticais, como crase e concordância, aparecem de forma indireta, dentro de questões interpretativas. “O candidato precisa estar atento ao contexto e não esperar perguntas explícitas de gramática”, explica.
Vagas e blocos temáticos
O concurso será regido por um único edital, com nove blocos temáticos que agrupam áreas de atuação semelhantes. São eles: Seguridade Social; Cultura e Educação; Ciências, Dados e Tecnologia; Engenharias e Arquitetura; Administração; Desenvolvimento Socioeconômico; Justiça e Defesa; além de dois blocos intermediários, para Saúde e Regulação. Essa estrutura permite concorrer a várias vagas dentro de um mesmo bloco com apenas uma inscrição.
Embora a maior parte das oportunidades esteja concentrada em Brasília (DF), há vagas em diferentes estados. Os salários iniciais variam de R$ 4 mil a R$ 16 mil, de acordo com o cargo.
Ações afirmativas e cotas
Assim como na primeira edição, haverá reserva de 25% das vagas para pessoas negras, 5% para pessoas com deficiência, 3% para indígenas e 2% para quilombolas. Uma novidade é a ação afirmativa para mulheres: caso menos de 50% das candidatas sejam aprovadas para a segunda fase, haverá equiparação para garantir equilíbrio de gênero.
Na edição anterior, embora 56% dos inscritos fossem mulheres, apenas 37% chegaram à lista final de aprovados. A medida, segundo a ministra Esther Dweck, busca corrigir essa desigualdade.
Cronograma oficial
Prova objetiva: 5/10/2025
Divulgação dos habilitados para a discursiva: 12/11/2025
Prova discursiva: 7/12/2025
Divulgação da primeira lista de classificação: 30/1/2026
Preparação final
Na reta final, os especialistas recomendam intensificar os simulados completos da FGV, cronometrados, para treinar resistência mental. Também sugerem pausas curtas durante a prova para manter a concentração, além da revisão de conteúdos já estudados.
Para Bezerra, o diferencial da FGV está em valorizar a interpretação e o raciocínio crítico: “É uma banca que busca o candidato completo. Mais do que memorizar, é preciso compreender e aplicar o conhecimento em situações práticas”.
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