No Brasil, já não é novidade ouvir que existem mais bois do que pessoas. Mas os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reforçam esse cenário: em 2024, o rebanho bovino chegou a 238,2 milhões de cabeças, número 12,04% maior que a população estimada em 212,6 milhões de habitantes no mesmo período.
A Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2024, divulgada nesta quinta-feira (19), também revelou que, apesar de uma leve queda de 0,2% em relação a 2023, o rebanho segue em patamares históricos, sendo o segundo maior desde o início da série em 1974. Para comparação, há cinco décadas o país contava com 92,5 milhões de bovinos, menos da metade do volume atual.
Ciclos da pecuária e efeito no rebanho
A oscilação no número de animais está diretamente ligada ao chamado ciclo pecuário. Nos últimos anos, o setor registrou aumento no abate de fêmeas, o que reduziu a retenção de vacas para reprodução. A analista da PPM, Mariana Oliveira, explicou em nota que a redução era esperada. “Há alguns anos o abate de fêmeas está elevado, em função dos preços do bezerro e da arroba, que desestimularam a retenção de fêmeas para reprodução, sendo assim era esperada uma redução no rebanho”, disse.
Mesmo com a leve retração em 2024, o Brasil registrou recordes no abate de bovinos, suínos e frangos. Segundo a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, também do IBGE, o movimento foi acompanhado por números expressivos de exportações de carnes in natura, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
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Municípios líderes e produção de leite
Entre os municípios com maior efetivo bovino, São Félix do Xingu, no Pará, mantém a liderança nacional com 2,5 milhões de cabeças, o equivalente a 1,1% do total. Logo atrás aparecem Corumbá (Mato Grosso do Sul), Porto Velho (Rondônia), Cáceres (Mato Grosso) e Marabá (Pará). Juntos, esses cinco municípios concentram 9,2 milhões de animais, representando 3,9% do rebanho brasileiro.
Outro destaque da pesquisa foi a produção de leite, que atingiu recorde de 35,7 bilhões de litros em 2024, alta de 1,4% em comparação ao ano anterior. O dado chama atenção porque ocorreu em um cenário de queda no número de vacas ordenhadas. Foram 15,1 milhões de animais destinados à produção de leite, redução de 2,8% frente a 2023. Esse é o menor contingente desde 1979, o que indica ganhos de produtividade no setor.
Perspectivas do setor e soja para biodiesel
O IBGE também chamou atenção para uma possível inversão do ciclo pecuário. A tendência é de redução do rebanho nos próximos anos devido ao aumento do abate de fêmeas. Para os especialistas, esse movimento pode afetar diretamente o equilíbrio entre oferta e preço da carne.
Além da pecuária, o setor agrícola também projeta avanços. A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) divulgou estimativa de processamento recorde de soja em 2025, que deve alcançar 58,5 milhões de toneladas, um crescimento de 5% em relação a 2024. O aumento é atribuído à maior demanda por biodiesel, impulsionada pela decisão do governo de elevar a mistura obrigatória no diesel de 14% para 15% em agosto.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a medida fortaleceu o uso da oleaginosa como principal insumo para biocombustível, ampliando as margens para a produção de óleo.
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