A União Europeia anunciou nesta sexta-feira (19) o 19º pacote de sanções contra a Rússia, no mesmo dia em que a Estônia acusou Moscou de violar seu espaço aéreo com caças militares. As medidas e os incidentes reforçam a escalada de tensões entre a Rússia e o Ocidente, em meio à guerra na Ucrânia.
Segundo a principal diplomata do bloco, Kaja Kallas, a proposta designa 118 embarcações como parte da frota paralela russa, com a proibição de resseguro das embarcações listadas. A iniciativa também inclui novas restrições contra esquemas de evasão financeira em países terceiros, inclusive por meio de criptomoedas, e mira o sistema russo de cartões de crédito MIR. Kallas afirmou ainda que a lista de produtos proibidos foi ampliada, com a inclusão de químicos, metais, sais e minérios, além de controles mais rigorosos sobre exportações ligadas à Rússia, China e Índia. “Queremos atacar onde a Rússia obtém seu dinheiro. Nenhum setor está fora dos limites”, escreveu.
A Estônia, integrante da União Europeia e da Otan, denunciou que três caças MiG-31 russos invadiram seu espaço aéreo sobre o Golfo da Finlândia por 12 minutos. O ministro das Relações Exteriores, Margus Tsahkna, classificou o episódio como “de uma audácia sem precedentes”. Segundo ele, “a Rússia já violou o espaço aéreo estoniano quatro vezes este ano, o que é inaceitável por si só, mas a violação de hoje, durante a qual três caças entraram em nosso espaço aéreo, é de uma audácia sem precedentes”.
A Otan afirmou ter interceptado as aeronaves, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a pressão sobre Moscou “aumentará na mesma medida que as provocações”. Um porta-voz da aliança militar acrescentou: “A Otan respondeu imediatamente e interceptou as aeronaves. Este é outro exemplo do comportamento imprudente da Rússia e da capacidade de resposta da Otan”.
A invasão ao espaço aéreo estoniano ocorre após outros dois incidentes recentes envolvendo países da Otan. Na semana passada, drones russos cruzaram a fronteira polonesa, levando Varsóvia a invocar o Artigo 4 do tratado da aliança. Em resposta, os aliados decidiram reforçar o flanco oriental com equipamentos militares e tropas adicionais. Poucos dias depois, a Romênia também acusou Moscou de violar seu espaço aéreo durante ataques à Ucrânia.
Paralelo a essa decisão da Otan, na manhã de sexta-feira, a Ucrânia relatou novos ataques em Kiev. De acordo com autoridades locais, drones russos foram abatidos na madrugada, e fragmentos danificaram linhas de trólebus no distrito central de Shevchenkivsky. “A rede de trólebus foi danificada. De acordo com relatos preliminares, não há feridos”, disse Tymur Tkachenko, chefe da administração militar da capital. O prefeito Vitali Klitschko confirmou que fragmentos também caíram em outro distrito.
No mesmo dia, o Ministério da Defesa da Rússia informou que submarinos nucleares dispararam mísseis de cruzeiro Onyx e Granit no Mar de Okhotsk, no noroeste do Pacífico, contra alvos a mais de 250 quilômetros. O governo declarou que os exercícios visaram garantir a segurança e testar a defesa de “comunicações marítimas”. Na terça-feira (16), Moscou já havia realizado testes de armas nucleares táticas em conjunto com Belarus, movimento interpretado por analistas como tentativa de intimidação à Europa.
A escalada preocupa particularmente os países bálticos, considerados vulneráveis a uma eventual expansão do conflito iniciado em fevereiro de 2022.
O post União Europeia propõe 19º pacote de sanções contra a Rússia apareceu primeiro em O Hoje.