A maioria da bancada do Distrito Federal do Senado é composta por mulheres, a esquerdista Leila do Vôlei (PDT) e a direitista Damares Alves (Republicanos). Daqui a menos de sete meses, a governadora vai ser uma mulher, Celina Leão (PP), vice de Ibaneis Rocha (MDB), líder nas pesquisas à frente da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania). Além de Belmonte, a presença de mulheres na Câmara Legislativa conta com Dayse Amarílio (PSB), Doutora Jane e Jaqueline Silva (MDB). O domínio feminino não para por aí.
Na selva que é Brasília durante a campanha eleitoral, destacam-se duas feras, uma leoa do bolsonarismo, Bia Kicis (PL), outra do lulismo, Erika Kokay (PT). Deusas acima de tudo e Michelle Bolsonaro (PL) acima de todas. Com um detalhe: essas empoderadas vão se engalfinhar nas urnas em 2026 pelos maiores cargos, os de governadora e senadora, os chamados majoritários. Ainda não se viu algo parecido em qualquer unidade da federação, em qualquer época da História. Há governadoras, há senadoras, há candidatas aos dois cargos, só que não em tamanha quantidade e qualidade.
O DF já teve governadoras, Maria de Lourdes Abadia e a própria Celina, que começaram como vices de Joaquim Roriz, goiano de Luziânia, e Ibaneis – Abadia assumiu quando Roriz saiu para ser candidato ao Senado em 2006 e Celina cumprirá igual destino no próximo abril despedaçado. Quer dizer, “igual destino”, mas não necessariamente, pois Abadia, goiana de Bela Vista, tentou a reeleição e teve menos da metade dos votos de José Roberto Arruda. E a goianiense Celina lidera as pesquisas, com Paulo Belmonte no pelotão seguinte, brigando com Arruda (PSDB) e Leandro Grass (PV).
Celina assumiu o GDF no lugar de Ibaneis de 9 de janeiro a 15 de março de 2023, quando houve a injustiça de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, enredar o governador na balbúrdia de vândalos na Praça dos Três Poderes. Durante a interinidade, Celina mostrou-se fiel a Ibaneis, o que definiu a sucessora não apenas para o mandato-tampão do ano que vem, também para a eleição de 2026. Quem do grupo de Ibaneis quiser cargo majoritário para o Executivo tem de sonhar no máximo com a vice de Celina, caso do senador Izalci Lucas (PL).
Maior personagem do quadradinho encravado no mapa de Goiás, entre homens e mulheres, é Michelle de Paula, natural de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. Enquanto a direita se enrosca em perna de cobra para decidir quem apoiar a presidente da República, Michelle é o principal nome, supera os governadores Ronaldo Caiado (UB de Goiás), Tarcísio de Freitas (Republicanos de São Paulo), Romeu Zema (Novo de Minas Gerais) e os dois do PSD, Ratinho Júnior (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Só ela e o marido sabem o que conversam durante o degredo imposto por Moraes à família. O assunto candidatura à Presidência deve ser um dos assuntos.
Caso Michelle não enfrente Lula, sua meta é o Senado e Brasília, seu endereço residencial e eleitoral. Por que não o GDF? Porque Jair Bolsonaro quer fazer maioria absoluta no Senado para votar o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal que o torpedeiam. A saúde do marido mostra-se cada dia mais debilitada, até com diagnóstico de câncer, mas Michelle está inteiraça e disposta a percorrer o País em campanha para seu segmento ideológico e Brasília, para uma votação consagradora para a Casa vizinha em que trabalhou e conheceu o homem com quem se casaria.
O sonho dos governistas brasilienses é o quarteto Celina governadora, Izalci vice, Ibaneis e Michelle senadores. Damares vai fazer por Michelle o que a ex-primeira-dama fez por ela em 2022, simplesmente se dedicar 247, 24 horas por dia, sete dias por semana, em busca de ajuda de porta em porta no DF – que é só o citado quadradinho, mas quase não tem lote sem casa nem casa com apenas uma família, é gente que não acaba mais e ainda é preciso circular pelas cidades goianas do Entorno.
Grupos lutam pelos votos de Bolsonaro, que venceu Lula
A direita bolsonarista vai dividida, com Celina Leão e o ex-governador José Roberto Arruda disputando o governo. Já a esquerda tem o petista Leandro Grass e o ex-secretário de Segurança Leandro Capelli (PSB). E Paula Belmonte ao Centro. Leila do Vôlei, que trocou a referência do esporte por Barros, está em apuros para se reeleger no Senado, mas já viveu dias piores. O provável mesmo, segundo as pesquisas e a análise de conjuntura, uma mulher se eleja governadora (a favorita é Celina) e outra, senadora (Michelle). A outra vaga no Senado está reservada para Ibaneis. Diga isso e corra, porque as leoas 4K (Bia Kicis e Erika Kokay) estão com presas afiadas e garras prontas para atacar.
O legado de Jair Bolsonaro é grande em diversos lugares do Brasil, inclusive aqui no Centro-Oeste. O Distrito Federal confirma a regra, com 15% a mais que Lula no 1º turno de 2022 e 26% no 2º. O governador reeleito Ibaneis Rocha (MDB) é bolsonarista, apesar de seu perfil não comportar arroubos como os dos que se contorcem para fingir fidelidade ao capitão. Dois grupos se unham pela herança de votos bolsonaristas, o de Ibaneis, cuja candidata a governadora é sua vice Celina Leão, e o do PL do senador Izalci Lucas e da deputada federal Bia Kicis, com Michelle Bolsonaro hours concours.
Os mais exaltados acharam ruim o governador atender à ordem do Supremo Tribunal Federal e tirar da Praça dos Três Poderes o miniacampamento de parlamentares de direita, com suas estranhas barracas. Não dizem o que Ibaneis poderia fazer num caso desses. Por muito menos o ministro Alexandre de Moraes o tirou do palácio. Se desobedecer diretamente é correr na rua em busca da chave da Papuda.
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