O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira (16) que o país deve construir uma “indústria de armas independente” para enfrentar possíveis restrições internacionais. A declaração foi feita no mesmo dia em que Israel iniciou uma ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, a maior da Faixa de Gaza e considerada pelo governo israelense o último reduto do grupo Hamas no território.
O ministro da Defesa, Israel Katz, disse que “Gaza está em chamas” e que as forças armadas estavam “atacando com punho de ferro” a estrutura do Hamas, com o objetivo de derrotar a organização e libertar reféns. Segundo Katz, “não recuaremos e não desistiremos — até a conclusão da missão”.
A operação provocou nova fuga em massa. Milhares de moradores deixaram a Cidade de Gaza, muitos em direção ao sul, onde já havia ocorrido deslocamento na fase inicial do conflito. Estradas estavam congestionadas com veículos e pedestres, e autoridades israelenses estimaram que cerca de 40% da população local havia saído da área.
Um militar israelense, segundo informações do G1, disse que a etapa principal da ofensiva começa nesta terça, com tropas avançando em direção ao centro da cidade. Antes da incursão por terra, Israel manteve por cerca de um mês o cerco à região, marcado por bombardeios e pela destruição de arranha-céus, acusando o Hamas de usar os prédios como bases operacionais.
O militar afirmou ainda que o número de soldados será ampliado nos próximos dias e que o Exército está preparado para manter as operações pelo tempo necessário.
A ONU reagiu com críticas, o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, declarou que “este massacre deve parar imediatamente” e pediu a suspensão dos ataques. A Unicef classificou como “desumano” exigir que crianças sejam forçadas a abandonar a cidade mais uma vez.
Ainda na terça, uma comissão independente criada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU divulgou relatório acusando Israel de cometer genocídio em Gaza. O documento aponta práticas como assassinato de civis, imposição de condições de vida destinadas à destruição da população palestina e destruição de uma clínica de fertilidade em dezembro de 2023, quando milhares de embriões e amostras foram perdidos.
Segundo a comissão, Israel cometeu quatro dos cinco atos que caracterizam genocídio definidos pela Convenção da ONU de 1948. Navi Pillay, ex-juíza do Tribunal Penal Internacional e presidente do colegiado, afirmou que “está ocorrendo genocídio em Gaza” e que a responsabilidade recai sobre as autoridades israelenses.
Israel rejeitou as acusações, o embaixador na ONU em Genebra, Daniel Meron, disse que o relatório era “escandaloso” e acusou o grupo de agir “por procuração do Hamas”. “Israel rejeita categoricamente o libelo difamatório publicado hoje por esta comissão de inquérito”, declarou.
O relatório, segundo a Comissão, foi baseado em entrevistas, análises de imagens de satélite e documentos coletados desde o início da guerra. Criado em 2021, o órgão reporta anualmente ao Conselho de Direitos Humanos e à Assembleia Geral da ONU.
A ofensiva ocorre após o gabinete de Netanyahu ter aprovado, no início de agosto, um plano para tomar toda a Faixa de Gaza. O movimento foi antecedido por reunião entre Netanyahu e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Segundo o site Axios, o governo Donald Trump apoia a operação, desde que seja rápida.
Na segunda-feira (15), Trump afirmou ter recebido informações de que o Hamas havia movido reféns para a superfície para usá-los como “escudos humanos”.
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