A mandioca continua sendo uma das culturas mais versáteis do Brasil. Presente na mesa dos brasileiros há séculos, o tubérculo agora ganha espaço como insumo industrial e produto de exportação. Em 2024, a produção nacional chegou a aproximadamente 19 milhões de toneladas, sustentando tanto o consumo interno quanto o avanço da fécula no comércio internacional.
Produção nacional e consumo interno
A cultura se espalha pelo país, com destaque para regiões Norte e Nordeste, mas também ocupa áreas no Centro-Oeste e Sudeste. A mandioca tem dupla função: no mercado doméstico, a raiz e a farinha abastecem famílias e pequenos negócios, enquanto no setor industrial a fécula se transforma em ingrediente para alimentos processados, papel, fármacos e até têxteis.
Esse equilíbrio mantém a mandioca como produto essencial para a segurança alimentar, mas também cria espaço para expansão da indústria. O crescimento da demanda por amido industrial abre novas perspectivas, especialmente para estados que investem em beneficiamento próximo à produção.
Exportações e concorrência internacional
No cenário externo, a fécula é o principal item de exportação. Em 2023, o Brasil movimentou cerca de US$ 24 milhões com vendas para Estados Unidos, países vizinhos do Cone Sul e mercados latino-americanos. O valor é expressivo, mas ainda pequeno diante da concorrência asiática, sobretudo da Tailândia, que domina a oferta global.
A volatilidade de preços e a exigência de certificações internacionais desafiam o setor brasileiro. Para competir, é preciso investir em padronização, tecnologia de processamento e cadeias logísticas eficientes. Ao mesmo tempo, o consumo interno crescente de derivados ajuda a equilibrar o mercado, reduzindo a dependência das exportações.
Tradição brasileira rende bilhões e abre novas frentes em Goiás
Goiás e a diversificação agrícola
No mapa da mandioca, Goiás ocupa um papel em ascensão. Embora não seja o maior produtor, o estado tem registrado ganhos de produtividade e fortalecido sua produção em áreas diversificadas, onde a integração com grãos e pecuária permite ao agricultor diluir riscos.
A mandioca se junta a outras culturas em expansão no estado, como o tomate, compondo um mosaico agrícola dinâmico. Para Goiás, o desafio é consolidar agroindústrias regionais capazes de transformar raiz em farinha e fécula, evitando perdas logísticas e agregando valor local. Esse movimento pode gerar empregos, renda e novas oportunidades de negócios no interior.
Gargalos logísticos e necessidade de industrialização
A mandioca é volumosa e perecível, o que torna essencial o processamento rápido após a colheita. Estados que atraem indústrias de beneficiamento conseguem ampliar sua participação econômica, mas enfrentam obstáculos como transporte, infraestrutura e acesso a crédito.
A instalação de unidades próximas às lavouras reduz custos, fortalece cooperativas e incentiva a permanência de jovens no campo. Além disso, políticas públicas de incentivo à industrialização e linhas de financiamento são determinantes para transformar a mandioca em ativo de maior peso na economia regional e nacional.
Perspectivas de mercado
Para o produtor, o cenário indica oportunidades tanto no abastecimento doméstico quanto na exportação. O consumo brasileiro continua sólido, especialmente na forma de farinha e derivados culinários, enquanto a indústria pressiona por fécula de alta qualidade. Para Goiás, a chance está em estruturar cadeias integradas que conectem pequenas agroindústrias a grandes processadores, ampliando competitividade.
No horizonte, a mandioca se firma como ativo estratégico: alimento tradicional, matéria-prima industrial e produto de exportação. Com investimentos em tecnologia, padronização e logística, o Brasil pode não apenas atender ao mercado interno, mas também ganhar espaço frente a concorrentes internacionais, transformando raízes em negócios sólidos e sustentáveis.
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