O dólar encerrou esta sexta-feira (12) em queda frente ao real e atingiu o menor patamar em 15 meses. A moeda norte-americana recuou 0,71% e foi cotada a R$ 5,35, valor não registrado desde o início de junho de 2024. Em movimento contrário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira (B3), recuou 0,61%, fechando em 142.271 pontos, após ter atingido recorde na sessão anterior, quando alcançou 143.150 pontos.
De acordo com a economista Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, a trajetória do dólar reflete uma tendência de enfraquecimento global da moeda. O movimento está diretamente relacionado à expectativa de que o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, inicie cortes nos juros já na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), marcada para a próxima quarta-feira (17).
Desde agosto, analistas deixaram de questionar se haverá cortes e passaram a debater a intensidade e a frequência das reduções até dezembro. Atualmente, a taxa de juros norte-americana está no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Segundo Zogbi, os últimos indicadores reforçam a percepção de desaceleração da economia dos EUA. Entre os dados recentes, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos de auxílio-desemprego atingiram 263 mil na semana encerrada em 6 de setembro, maior nível desde outubro de 2021. Além disso, houve deflação nos preços ao produtor e a inflação ao consumidor veio dentro do esperado.
A expectativa do mercado é unânime quanto ao corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, 94,4% dos investidores apostam nesse cenário, enquanto 5,6% projetam um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual. Depois disso, o mercado trabalha com a possibilidade de novos ajustes em outubro e dezembro.
Para o Brasil, esse movimento amplia o diferencial de juros entre os dois países e favorece a entrada de capital estrangeiro, já que investidores buscam retornos mais elevados. Nesta sexta-feira, o Banco Central realizou dois leilões de linha simultâneos, injetando US$ 1 bilhão no mercado.
Apesar do ambiente externo favorável ao câmbio, a Bolsa brasileira não acompanhou a tendência. Segundo analistas, a queda do Ibovespa pode ter sido influenciada por ajustes de posição antes do fim de semana, em meio a especulações sobre eventuais medidas de retaliação do governo dos Estados Unidos contra o Brasil.
Após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente norte-americano, Donald Trump, criticou a decisão e classificou-a como “terrível”. Integrantes próximos ao ex-presidente brasileiro sugeriram que Washington pode adotar sanções adicionais contra autoridades do Judiciário, inclusive com base na Lei Magnitsky, além de revisar exceções concedidas às tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros.
O cenário permanece incerto e deve seguir influenciando os próximos movimentos da Bolsa e do câmbio.
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