Uma briga entre dois alunos do primeiro ano do ensino médio, ocorrida na última quarta-feira (10), no Centro de Ensino em Período Integral Garavelo Park, em Aparecida de Goiânia, terminou com um dos alunos agredido violentamente na porta da escola. Segundo relatos de colegas e da profissional de apoio escolar, o motivo teria sido uma discussão por causa de uma colega da turma.
O que mais gerou comoção foi o fato do jovem agredido ser um estudante com deficiência intelectual (DI) e que recebe apoio de um profissional dentro da escola. O jovem foi atacado do lado de fora, quando ia embora.
“Foi uma briga por causa de uma menina. Dentro da sala, eles discutiram, mas nada que parecesse grave. A profissional de apoio ficou com o aluno até o final da aula. Só que, na saída, o outro menino esperou ele do lado de fora e o agrediu”, contou o superintendente de Atenção Especializada da Secretaria de Estado de Educação de Goiás (Seduc-GO), Rupert Nickerson Sobrinho.
Uma aluna da unidade escolar informou que casos como esse não eram comuns até o ano passado, mas em 2025 houve um aumento nas situações de violência. “Antes, a gente se sentia seguro aqui. Era uma escola acolhedora. Mas esse ano a violência aumentou muito. Já vimos várias brigas, algumas graves. A sensação é de que qualquer coisa pode virar motivo para confusão”, relatou .
A estudante afirmou que os casos mais graves envolvem, na maioria das vezes, alunos que ingressaram recentemente no ensino médio. “Todas as brigas que a gente viu esse ano foram causadas por estudantes das primeiras séries.”
A mãe da estudante, que não quis se identificar, também comentou que se sente insegura por causa desses problemas. “Até ano passado a escola era muito boa, esse ano já foi bagunçado tudo, até falei pra minha filha, ainda bem que esse é seu último ano aí, e já está acabando.”
Profissionais de apoio
Os profissionais de apoio escolar são responsáveis por acompanhar de perto alunos com deficiência, transtornos do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação. Eles ajudam nas tarefas do dia a dia, como alimentação, locomoção, higiene e também no processo de aprendizagem, além de oferecer suporte emocional e social.
Na rede estadual de ensino de Goiás, esses profissionais já estão presentes em todas as escolas que possuem alunos com direito ao atendimento. A concessão é feita com base em avaliações da equipe pedagógica.
“A profissional que acompanha esse estudante em específico está com ele todos os dias. Ela relatou que tentou garantir a segurança dele, mas o agressor esperou do lado de fora. Infelizmente, a violência aconteceu após o horário de aula”, explicou Nickerson.
Em nota, a Seduc lamentou o caso e informou que na manhã desta quinta-feira (11), a equipe do programa Ouvir e Acolher, composta por psicólogos e assistente social da Secretaria de Educação, esteve na unidade escolar para realizar escuta ativa com os estudantes e trabalhar a cultura da paz no ambiente escolar.
O Núcleo de Saúde dos Estudantes da Seduc Goiás foi acionado para apoiar os familiares. Além disso, foi realizada uma reunião na unidade escolar com os pais e responsáveis pelos estudantes envolvidos. A reportagem também tentou contato com a escola e não obteve retorno, mas o espaço segue aberto para mais esclarecimentos.
Nova lei pode tornar apoio obrigatório em todo o Brasil
A importância do profissional de apoio ganhou ainda mais destaque quando a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou um projeto que obriga escolas públicas e privadas de todo o País a oferecer apoio escolar para alunos com necessidades específicas.
O PL 4.050/2023, da ex-deputada Amália Barros (MT-PL), determina que esses profissionais deverão estar presentes sempre que a equipe pedagógica identificar a necessidade. Eles devem ajudar os alunos com deficiência ou altas habilidades em tudo que for necessário no ambiente escolar: locomoção, higiene, alimentação, socialização, prevenção de crises e até primeiros socorros.
Segundo a parlamentar, os dados mostram que ainda há muito a avançar. “Enquanto 57,3% das pessoas sem deficiência terminaram o ensino médio, esse número cai para 25,6% entre as pessoas com deficiência. É urgente garantir igualdade de condições na sala de aula”, pontuou.
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