A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) confirmou nesta quinta-feira (11) quatro casos de febre amarela em primatas não humanos. Dois deles ocorreram em Abadia de Goiás, um em Guapó e outro em Goiânia, no Residencial Forteville. Um caso suspeito registrado no Zoológico da Capital ainda está em investigação, enquanto outro, no município de Aragoiânia, foi descartado.
De acordo com a subsecretária de Vigilância e Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, a cada nova confirmação a secretaria convoca reuniões técnicas com as equipes municipais de saúde para definir medidas de prevenção e controle. “Nosso trabalho não é apenas apoiar os municípios, mas também monitorar todas as ações e repassar as informações ao Ministério da Saúde, que acompanha os casos em nível nacional”, afirmou.
O acompanhamento da febre amarela em macacos é realizado durante todo o ano, de forma contínua. Em 2024, foram analisadas 58 amostras de animais mortos em diferentes cidades goianas e todas foram descartadas para a doença. Já em 2025, até o momento, foram notificadas 37 mortes de primatas, das quais 33 tiveram material coletado para análise laboratorial. Quatro delas apresentaram resultado positivo para o vírus.
Segundo Flúvia, esses dados demonstram a importância da vigilância permanente. “Ano passado tivemos mais de 50 macacos investigados e nenhum caso confirmado. Neste ano, já temos quatro positivos. Quanto mais cedo identificamos os animais doentes ou mortos, mais rápido conseguimos agir para proteger a população”, ressaltou.
Vacinação é a principal defesa contra a doença
A febre amarela é uma doença imunoprevenível, ou seja, que pode ser evitada com vacina. A subsecretária lembra que a imunização está disponível de forma gratuita em todas as salas de vacina do estado e que é fundamental manter o cartão em dia.
O esquema vacinal prevê a primeira dose aos 9 meses de idade e a segunda aos 4 anos. Para adultos, basta uma dose ao longo da vida. “Se a pessoa perdeu o cartão ou não tem certeza de já ter recebido, pode procurar a unidade de saúde. Uma dose é suficiente para garantir a proteção”, explicou Amorim.
Apesar da eficácia da vacina, a cobertura vacinal em Goiás ainda está abaixo do ideal. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%, mas atualmente o índice gira em torno de 70%. Esse cenário preocupa, já que a circulação do vírus em macacos é um alerta para risco de transmissão aos humanos.
População tem papel essencial na detecção e prevenção
A SES-GO reforça que a população tem papel central na vigilância da febre amarela. Ao encontrar um macaco morto ou doente, o cidadão deve informar imediatamente a Secretaria Municipal de Saúde. Também é possível registrar a ocorrência pelo aplicativo SissGeo, disponível para download em smartphones na Play Store, ou encaminhar informações pelo WhatsApp da Vigilância em Zoonoses de Goiânia, no número (62) 99152-2545 (exclusivo para mensagens).
Ao usar o aplicativo, a pessoa deve informar a espécie e as condições do animal e, se possível, enviar uma foto. O sistema utiliza o GPS do celular para registrar o local exato, o que facilita a atuação das equipes de controle. A orientação é que a população não se aproxime dos animais, para evitar riscos.
Segundo Flúvia, a notificação rápida é essencial. “Cada registro feito em tempo hábil nos dá a chance de coletar o material do animal, confirmar a presença do vírus e ampliar a vigilância para os seres humanos, vacinando quem vive nas áreas próximas”, destacou.
A SES lembra ainda que os macacos não transmitem febre amarela para os humanos. Eles funcionam como sentinelas da circulação viral, ou seja, quando adoecem ou morrem, sinalizam a presença do vírus em determinada região. Isso permite que as equipes de saúde atuem de forma mais ágil, intensificando a vacinação e medidas de proteção.
A febre amarela é transmitida por diferentes espécies de mosquitos, que podem picar tanto macacos quanto pessoas, principalmente em áreas de mata ou parques urbanos. Nos seres humanos, os sintomas iniciais podem se confundir com os da dengue, como febre, dor de cabeça e dores musculares. Com a progressão, a doença pode afetar o fígado, causando icterícia e, em casos graves, levar à morte.
O último caso humano registrado em Goiás ocorreu em 2017, e o paciente evoluiu para óbito. Desde então, não houve novas confirmações em pessoas, mas o cenário atual de baixa vacinação preocupa as autoridades de saúde.
Além da vacina, medidas de proteção individual também são recomendadas, especialmente para quem frequenta áreas rurais, chácaras e regiões de mata. Entre elas estão o uso de roupas de manga comprida e a aplicação de repelentes para evitar a picada dos mosquitos transmissores.
A secretaria reforça que todas as pessoas que não tiverem comprovação da vacina contra febre amarela devem procurar a sala de vacinação mais próxima. “A população goiana gosta muito de estar em contato com a natureza, de pescar, de ir para a fazenda. Não há problema algum, desde que a vacinação esteja em dia”, concluiu Flúvia.
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