A França amanheceu nesta quarta-feira (10) em meio a 430 manifestações registradas pelo Ministério do Interior. Convocado pelas redes sociais, o movimento batizado de “Vamos bloquear tudo” paralisou estradas e ruas em Paris e em outras cidades, ampliando a tensão política após a nomeação de Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro.
Até o momento, 295 pessoas foram presas em diferentes regiões, informou o jornal Le Monde. Os protestos e paralisações ocorreram um dia depois de Emmanuel Macron anunciar Lecornu, ex-ministro da Defesa e aliado próximo, como substituto do premiê reprovado em moção de desconfiança.
O novo chefe de governo tem pela frente o desafio imediato de aprovar, até o início de outubro, o orçamento que já foi rejeitado pelo Parlamento. A escolha de Macron desagradou especialmente partidos de centro-esquerda e esquerda, que venceram as últimas eleições legislativas, mas não conseguiram maioria para formar governo.
O país enfrenta uma delicada conjuntura econômica, com dívida pública que ultrapassa 3,3 trilhões de euros, cerca de 114% do PIB. A crise financeira se soma ao clima de instabilidade política, refletido nas ruas com atos que contaram com apoio de sindicatos.
Cerca de 80 mil policiais foram deslocados para conter a mobilização. Em Paris, agentes utilizaram gás lacrimogênio contra barricadas erguidas com pneus e entulho em chamas. Em Toulouse e nos arredores da capital, manifestantes incendiaram ônibus, lixeiras e até um restaurante. O governo estima 175 mil pessoas nas ruas, enquanto a Confederação Geral do Trabalho fala em 250 mil.
Com a posse oficial de Lecornu realizada nesta quarta, os protestos indicam resistência crescente à estratégia do presidente. “Vamos bloquear tudo” já anunciou nova greve nacional para o próximo dia 18, sinalizando que a crise tende a se prolongar.
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