Em pleno 2025, a fotografia retrô — seja em formato analógico ou digital com estética vintage — vive um vigoroso renascimento. Impulsionado por um anseio coletivo por autenticidade, nostalgia e experiência sensorial, esse movimento ganha força junto à geração Z e aos millennials, que encontram na imperfeição do filmar algo mais que estética: uma forma de estar presente e consciente no momento.
Pandemia e a redescoberta do analógico
O impacto da pandemia permanece vivo no setor. No diálogo com os próprios protagonistas, fotógrafos relatam que, desde o período de isolamento, a procura por filmes fotográficos, revelação artesanal e equipamentos antigos cresceu de forma acelerada. Um laboratório que em 2022 fazia pouco mais de 200 revelações por mês agora realiza mais de 500 procedimentos — uma representação clara da mudança perceptível no interesse por processos criativos que exigem tempo e intenção.
Goiás no mapa da fotografia retrô
Em Goiás, essa corrente também se faz presente. Exposições locais já mostram o olhar analógico na capital, onde fotógrafos goianos utilizam o processo tradicional para imprimir sua visão da cidade. Esses registros — frutos de uma conexão com o passado e com a materialidade — ressurgem como expressão de identidade cultural.
Números que confirmam o crescimento
No contexto nacional, o setor fotográfico segue vigoroso: em 2024, eram registradas mais de 86 mil empresas formais no ramo, presentes em mais de 5 mil municípios. O total de fotógrafos chega a cerca de 200 mil, entre formais e informais, evidenciando uma capilaridade que vai além dos grandes centros e abrange diversas regiões brasileiras, incluindo Goiás.
Já no plano global, o segmento continua em expansão. Estima-se que o mercado de equipamentos fotográficos alcance algo em torno de US$ 97 bilhões em 2025, podendo atingir US$ 136 bilhões até 2033, com crescimento médio anual de 4,3%. A motivação inclui o desejo de conteúdo visual sofisticado, recursos como vídeo em alta resolução, conectividade sem fio e sensores cada vez mais avançados.
Fotografia analógica cresce 15% ao ano em segmentos de filmes
Da estética ao ritual
Também no cenário internacional, as câmeras instantâneas — híbridas e com apelo nostálgico — devem ver o mercado crescer de aproximadamente US$ 1,8 bilhão em 2025 para US$ 3,4 bilhões até 2033. O ritmo é impulsionado por gerações que valorizam experiências físicas compartilhadas e presentes com significado.
Outro segmento em evidência é o de filmes de reversão em preto e branco, com aumento anual estimado em 15%. A demanda parte sobretudo de comunidades artísticas e acadêmicas, motivadas pela textura e pelo contraste que só o analógico pode proporcionar.
Em paralelo, o Brasil testemunha uma efervescência empreendedora: a pandemia catalisou o surgimento de negócios em cidades como Goiânia, que apostam em nichos como câmeras digitais vintage, técnicas de edição com inteligência artificial e práticas sustentáveis para atrair um público em busca de originalidade e propósito.
O que torna essa retomada ainda mais significativa não é apenas o interesse estético, mas o compromisso com a experiência criativa. A limitação de cliques por rolo estimula um olhar mais seletivo; o revelado manual propicia um ritual íntimo; o grão em preto e branco carrega história. Profissionais destacam ainda que moldurarias e estúdios jamais estiveram tão movimentados, com imagens impressas ocupando cada vez mais espaço em casas e escritórios.
Resistência cultural e futuro
No Brasil, a prática analógica também é vista como um ato de resistência estética. Com a escassez de matéria-prima e laboratórios dedicados, o analógico se firma como uma decisão cultural. Mesmo com a dificuldade em encontrar filmes e produtos específicos, profissionais e amadores seguem revelando e imprimindo memórias, mantendo acesa essa tradição.
Em síntese, a fotografia retrô é hoje uma corrente que pulsa — nutrida por jovens que buscam significado, por empreendedores que reinventam o segmento e por regiões como Goiás, que incorporam essa estética em suas narrativas visuais. Ela representa a fusão bem-sucedida entre passado e presente, entre o físico e o digital, entre o artístico e o cultural — sustentada por um mercado que, mesmo entre desafios logísticos, segue resistente e criativo.
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