A guerra entre Rússia e Ucrânia voltou a registrar escalada militar nesta quarta-feira (27), com ataques direcionados à infraestrutura energética dos dois países. Moscou lançou 95 drones contra o território ucraniano, provocando blecautes em três regiões do norte. Kiev respondeu atingindo um oleoduto que leva derivados de petróleo à capital russa a partir da cidade de Riazan, situada a 200 quilômetros de Moscou.
De acordo com autoridades locais, 100 mil pessoas ficaram sem eletricidade em Sumi, Poltava e Tchernihiv. Bombardeios também danificaram estações de bombeamento de gás em Kharkiv, Zaporíjia e Donetsk. Já o governo russo informou ter derrubado 26 drones ucranianos, mas não divulgou o total lançado. Em Rostov, destroços causaram um incêndio em uma área residencial. Apesar da intensidade dos ataques, não houve confirmação de vítimas.
A pressão sobre o sistema energético da Ucrânia é crescente. O Ministério da Energia relatou que, desde o início do ano, a capacidade de geração com gás caiu 40%. Os depósitos para aquecimento, fundamentais diante da aproximação do inverno, estão em níveis historicamente baixos. Na semana passada, Kiev chegou a suspender o fornecimento de petróleo russo para Hungria e Eslováquia, retomado apenas na segunda-feira (25).
Enquanto os ataques prosseguiam, a frente diplomática buscava alternativas para uma trégua. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que Moscou valoriza a mediação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas rejeita as exigências apresentadas por líderes europeus. Ele reiterou que nenhum soldado da Otan pode integrar uma eventual força de paz, posição considerada inegociável pelo governo russo.
Trump, que se reuniu com Vladimir Putin no Alasca no dia 15 e, dias depois, promoveu encontro com Volodimir Zelensky e líderes europeus em Washington, defende a criação dessa força multinacional. Países como França, Reino Unido e as nações bálticas já sinalizaram apoio. A Polônia e a Espanha, por outro lado, se opõem. A Alemanha ainda não definiu posição, mas o premiê Friedrich Merz anunciou uma iniciativa para o serviço militar voluntário, afirmando que a Rússia “segue sendo a maior ameaça à segurança europeia”.
O presidente norte-americano insiste que um acordo direto entre Putin e Zelensky poderia ser fechado em até duas semanas, embora reconheça dificuldades. Ele afirmou que mantém sanções contra Moscou como possibilidade de pressão, mas sugeriu que a postura ucraniana pode comprometer as negociações.
Do lado de Kiev, Zelensky acusa a Rússia de manter ataques em paralelo ao diálogo. O presidente ucraniano afirmou que Moscou envia “sinais negativos” e continua a bombardear cidades, resultando em novas vítimas. Zelensky disse que sua delegação prepara um sistema de garantias multilaterais de segurança, envolvendo Estados Unidos, Europa e países da chamada Coalizão dos Dispostos.
Peskov, por sua vez, criticou a divulgação pública de detalhes das conversas por autoridades americanas, defendendo que a complexidade do tema exige discrição. Moscou afirma não querer discutir garantias de segurança em público, mas reconhece a importância da mediação de Trump.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que a guerra se aproxima do fim. Durante reunião ministerial, declarou que os dois lados atingiram um limite e aguardam apenas o momento de anunciar o encerramento do conflito. Lula afirmou que conversou duas vezes com Putin e que a principal preocupação nas tratativas é definir quem assumirá os custos da reconstrução da Ucrânia e do rearmamento europeu.
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