Os vereadores que compõem a base do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) na Câmara Municipal deixaram claras suas insatisfações com o chefe do Executivo municipal. O clima tenso acompanhado de declarações diretas ao Paço Municipal, na sessão da última terça-feira (26), veio logo após as exonerações de indicados dos parlamentares da base ao secretariado de Mabel.
As saídas de Diogo Franco, ex-secretário de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Agricultura e Serviços (Sedicas), e Eduardo Trindade, ex-membro da diretoria administrativa da Secretaria de Engenharia de Trânsito (SET), indicados pelos vereadores Igor Franco (MDB), líder do prefeito na Câmara, e Denício Trindade (União Brasil), foram vistas como um recado para os demais vereadores — que trataram de expor as discordâncias com Mabel.
O vereador Luan Alves (MDB) foi o primeiro a abrir mão dos cargos do seu grupo político no Paço. “Tive a orientação do líder do meu grupo político, o deputado [estadual] Clécio Alves [Republicanos], solicitando que a gente abrisse mão das indicações que nós temos na Prefeitura de Goiânia. E assim fiz, entreguei todos os espaços contemplados pela prefeitura ao líder do governo e ao prefeito Sandro”, explicou o parlamentar. Luan disse que vê a saída de Diogo da Sedicas como um erro, mas que a nomeação e exoneração de cargos no Paço é prerrogativa do prefeito.
Segundo Luan, o espaço cedido ao grupo é “em torno de cinco a seis” indicações, que foram colocadas à disposição do prefeito. O emedebista explicou que a decisão foi tomada para que “não tenha nenhum tipo de interpretação” a respeito da atuação do grupo político, que, segundo o parlamentar, não busca angariar cargos no Paço e nem “barganhar” com Mabel.
Luan é signatário da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Limpa Gyn e foi indicado pela bancada do MDB para compor a comissão, ao lado do vereador Pedro Azulão Jr. Apesar da entrega de cargos ao prefeito, o parlamentar evitou o rótulo de oposição. “Não tem isso de oposição, o que for bom para a cidade vai contar com o nosso apoio”, destacou o vereador.
Logo após o anúncio de Alves, o vereador Léo José (Solidariedade) aderiu ao movimento. Na tribuna da Casa, o parlamentar declarou que iria seguir a “mesma linha” de Luan e deixar suas indicações aos cargos no Paço à disposição de Mabel.
“Não me importo de ser oposição e me considero assim”, disse José, que discursou em defesa dos vereadores da Casa em meio às acusações de que os parlamentares utilizam da CEI da Limpa Gyn para negociar espaços com o prefeito. Segundo o parlamentar, “o vereador não pode aceitar que a sua obrigação seja cerceada”.
Autor do requerimento para instalação da CEI, o vereador Cabo Senna (PRD) garantiu que a comissão não será palco de negociações. “Só posso responder por mim quando se fala de barganha. Se eu for o presidente, da minha parte, não terá trocas de favores”, afirmou o parlamentar, que sinalizou o desejo de presidir a comissão de inquérito.
Oposição briga por espaço
Opositores de Mabel na Câmara, os vereadores Fabrício Rosa (PT) e Aava Santiago (PSDB) garantiram que irão brigar por espaço na CEI. Rosa, que é o indicado do PT para compor a comissão, afirmou que o partido negocia por espaço dentro da comissão. O parlamentar disse que mesmo que o PT não ocupe a presidência ou relatoria da CEI, responsáveis pela condução da comissão, o partido não será omisso e poderá, inclusive, realizar uma investigação paralela para apresentar um relatório diferente do relator.
Aava, por sua vez, disse que irá “cair de cabeça” na CEI. A vereadora explicou que tem articulado com outros vereadores para ocupar uma cadeira na comissão. Segundo a tucana, existem diferentes elementos a serem questionados na CEI. “Há algo que o prefeito não quer que a Câmara saiba”, disse a parlamentar. (Especial para O HOJE)
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