O governo avalia que os setores da indústria serão os mais afetados por conta das tarifas impostas pelos EUA e vê uma redução nas expectativas de perdas para o agronegócio. Produtos alimentícios, como carnes, café e açúcar, que tinham bastante peso no comércio com os Estados Unidos, têm, na avaliação do governo, conseguido espaço em outros mercados ou capacidade de reorganização, mesmo diante da barreira imposta por Donald Trump. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) argumenta que, embora a China seja o principal parceiro comercial do Brasil como um todo, os Estados Unidos são o maior comprador de bens da indústria de transformação brasileira. Isso porque a China compra majoritariamente commodities.
Por isso, a indústria nacional, que já dava sinais de esgotamento diante da alta taxa de juros e da competição com produtos importados, poderá sofrer forte impacto com o tarifaço, afirma a entidade. Na avaliação do governo, após os relatos dos primeiros dias do tarifaço, o comércio global depende de produtos agropecuários brasileiros. Assim, se os EUA não comprarem, boa parte desses itens será demandada por outros países.
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Quase todas as medidas anunciadas na semana passada para ajudar empresários afetados pelo tarifaço ainda não entraram em vigor. Dependem de atos e regras dos ministérios ou da aprovação de projeto de lei no Congresso Nacional. O governo pretende começar a destravar essas ações ainda nesta semana. O primeiro passo será uma reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que definirá regras para acessar a linha de crédito mais barato, de cerca de R$ 30 bilhões. Após essa decisão, será preciso aguardar alguns dias para que os empréstimos comecem a ser concedidos — período necessário para adaptações técnicas.
As garantias para empréstimos a pequenas empresas exportadoras ainda dependem de projeto de lei, ou seja, de tramitação no Congresso. Também falta o governo publicar as regras para as compras públicas — pela União, estados e municípios — de produtos perecíveis. Devem entrar nessa medida as compras de mel, castanha-do-brasil sem casca, castanha de caju, uva, manga, açaí e pescado, como tilápia. A ideia é comprar parte da produção que não for exportada aos EUA, redirecionada a outros países ou absorvida pelo mercado interno.
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