A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por crimes ligados à trama golpista investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório de 170 páginas cita tentativa de obstrução de Justiça, coação no curso do processo, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e articulações internacionais com o governo de Donald Trump.
Segundo a PF, Jair Bolsonaro teria repassado R$ 2 milhões para financiar a permanência do filho nos Estados Unidos. O objetivo seria articular apoio político contra decisões da Justiça brasileira. Em depoimento, o ex-presidente reconheceu que o dinheiro veio de campanhas de doações por Pix feitas por apoiadores. Para os investigadores, esses recursos estariam sendo usados como instrumento de financiamento de atividades ilícitas.
Relatório cita apoio de terceiros
O documento também aponta a participação de aliados próximos. O pastor Silas Malafaia é mencionado como colaborador direto na definição de estratégias de coação e na difusão de narrativas falsas. A PF afirma que ele atuava de forma consciente ao lado de Bolsonaro e do filho, com o objetivo de pressionar magistrados do Supremo.
“O material probatório arrecadado identificou que o indivíduo Silas Malafaia, conhecido líder religioso, vem atuando de forma livre e consciente, em liame subjetivo com os demais investigados”, afirma o relatório.
Os investigadores concluíram que houve um conjunto orquestrado de ações para constranger autoridades do Judiciário e também do Legislativo. A finalidade, segundo a PF, seria subjugar chefes de poderes e obter vantagens indevidas. Eduardo Bolsonaro chegou a defender publicamente “anistia ampla, geral e irrestrita” e mudanças legais que limitassem a atuação de magistrados.
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Atuação nos Estados Unidos
A investigação foi aberta em maio pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A suspeita é de que Eduardo tenha buscado sanções do governo Trump contra integrantes do STF em meio ao julgamento da trama golpista.
Com o indiciamento, cabe à PGR avaliar se há elementos suficientes para apresentar denúncia formal. Uma pesquisa Genial/Quaest divulgada no mesmo dia apontou que 69% dos brasileiros acreditam que Eduardo atua em defesa de interesses próprios e de sua família.
Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por decisão de Moraes. O ministro entendeu que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares ao participar de atos com apoiadores. Entre as restrições, está a proibição de contato com Eduardo Bolsonaro.
O deputado, por sua vez, vive nos Estados Unidos desde março. Seu afastamento temporário do mandato terminou em julho, e as ausências começaram a ser contabilizadas neste mês. Caso atinja o limite de faltas, poderá enfrentar processo de cassação, embora a Câmara dos Deputados ainda discuta como será feita a contagem.
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