A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que visa investigar o contrato do consórcio Limpa Gyn, responsável pela coleta de lixo e limpeza das ruas da capital, com a Prefeitura de Goiânia, promete dar o tom da relação da Câmara Municipal com o Paço Municipal.
O segundo semestre de 2025 é um momento chave para a gestão do prefeito Sandro Mabel (União Brasil). O Paço deve enviar, a partir desta semana, projetos importantes para o parlamento. Devem retornar para a Câmara quatro projetos que retornaram para o Executivo para reparos técnicos: projetos que alteram a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPP) e o Código Tributário; a autorização para fazer modificações nas regras do empréstimo de R$ 710 milhões, da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade); e a revisão geral da remuneração dos servidores públicos municipais.
Além disso, será neste segundo semestre que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) irá tramitar na Câmara Municipal. O projeto já foi enviado ao parlamento e alguns debates acerca das diretrizes para o orçamento de 2026 podem testar a fidelidade da base com a Prefeitura. O remanejamento orçamentário em 50%, alvo constante de críticas de parlamentares independentes e da oposição, é um deles.
O início da tramitação da CEI da Limpa Gyn, que teve início na última terça-feira (12), já é uma derrota imposta pelos vereadores, sobretudo da base, a Mabel. Desde o início do recesso parlamentar, o chefe do Executivo municipal tem articulado a retirada das assinaturas com os signatários da CEI — que são, majoritariamente, vereadores da base. Entretanto, de lá para cá, o único resultado das rodadas de negociação foi o aumento da tensão entre o parlamento goianiense e o prefeito.
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Oficialmente, os vereadores alegam que a CEI tem como objetivo fiscalizar o serviço do consórcio. Porém, a leitura nos bastidores sugere que os vereadores pressionam Mabel por espaços na Prefeitura, e que a instalação da comissão é o instrumento político utilizado. A situação de impasse colocou até o líder do prefeito na Casa, o vereador Igor Franco (MDB), em cheque.
Desde o retorno das sessões na Casa, a Câmara Municipal tornou-se o palco das insatisfações da base. O vereador Cabo Senna (PRD), autor do requerimento para instalação da CEI e o principal porta-voz do assunto, enfatizou que a comissão irá tramitar na Casa e que a comissão é prerrogativa do parlamento, não do Paço.
O entrave em razão da CEI abriu precedentes para novas discordâncias entre vereadores e Paço. A relação fragilizada foi o suficiente para que um requerimento, que desarquiva um projeto de lei que revoga a cobrança da Taxa de Limpeza Pública, a “Taxa do Lixo”, do vereador Lucas Vergílio (MDB) fosse aprovado com aval da base do prefeito. Vergílio, autor do projeto, deixou claro que aproveitou o atual momento da relação entre Executivo e Legislativo para avançar com a pauta.
Resta saber se, em um momento tão importante para a gestão do prefeito, a relação tensa, em razão da instalação da comissão, afetará projetos importantes para o Paço — ou se as novas rodadas de negociação colocarão, finalmente, panos quentes na situação. (Especial para O HOJE)
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