Nilson Gomes
Em 2023, o delegado de polícia Rafhael Barboza foi acusado de se apropriar de bens que estavam sob seu poder em Uruaçu, no Norte de Goiás. Em 2025, foi absolvido. Ninguém pediu desculpas pelos erros. Não se falou em indenizá-lo pelo sofrimento. Tempo e papel gastos para veicular as fake news foram muitas vezes mais que agora, ao se provar a sua inocência.
Na época das calúnias, as manchetes bradavam que havia perdido o cargo, sido afastado por causa dos tais “bens da delegacia”. Não se explicavam quais: cinco celulares, uma TV e uma geladeiras. Todos virariam sucatas, como as demais que Rafhael encontrou por lá, inclusive a delegacia. Explicava que nada desviara, apenas encontrou um bom fim para objetos apreendidos de contrabandistas: doara para famílias carentes. Condenado por antecipação no tribunal da mídia, ainda teve de gastar quase R$ 7 mil de seu salário para pagar pelas tranqueiras.
São muitos os Rafhaéis. E nada acontece a seus algozes. O promotor e o juiz que oficiaram em seu caso não ganharam sequer uma ruga de preocupação, enquanto o delegado e sua família sofreram diuturnamente. O desfecho para os erros de Judiciário e MP é o mesmo para as patacoadas das Polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, Penal, Técnico-Científica e até das Guardas Municipais. Seria diferente se, em caso de falha grotesca, os culpados tirassem do bolso. No caso, Rafhael é inocente e teve de pagar, além de nada receber de quem o crucificou. É diferente quando mata alguém em troca de tiro. É igual quando mata a honra de alguém em troca de nada.
O post MP, Judiciário e Polícias deveriam indenizar suas (muitas) vítimas apareceu primeiro em O Hoje.