Bruno Goulart
Após eleição nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) realizada no último domingo (6), o ex-ministro Edinho Silva foi oficialmente confirmado nesta segunda-feira (7) como novo presidente nacional da legenda. Com quase 500 mil filiados participando do processo eleitoral direto, Edinho obteve 73% dos votos válidos. Ele retorna ao cargo que já ocupou entre 2009 e 2013, período em que liderou a sigla com expressiva aprovação interna. Entre seus principais desafios destacam-se a construção de consensos, o fortalecimento partidário e a preparação do PT para as eleições presidenciais de 2026.
Por trás do apoio maciço a Edinho, há uma estratégia clara articulada pelo presidente Lula: unificar as diversas correntes internas e abrir canais de diálogo com partidos de centro e centro-esquerda, ao mesmo tempo em que se busca reduzir resistências no Centrão. A missão, segundo petistas ouvidos por O HOJE, é conciliar a defesa de bandeiras históricas — como o combate às desigualdades sociais e a defesa dos direitos trabalhistas — com uma postura pragmática que assegure a governabilidade diante de um Congresso que tenta desestimular o governo.
De acordo com o deputado estadual Mauro Rubem (PT), a eleição de Edinho consolida uma liderança experiente e reconhecida pela capacidade de diálogo. “Ele conseguiu apoios de diversas correntes e agrupamentos internos. Com isso, estará preparado para conduzir o partido nesse processo eleitoral de 2026, sobretudo com o entendimento de que é preciso fortalecer a relação cada vez mais direta com a sociedade”, disse Rubem.
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Para o parlamentar, a nova gestão já começa com um avanço significativo na busca por unidade na centro-esquerda e deve criar bases políticas sólidas para a reeleição de Lula e para ampliar a presença do PT no Congresso.
Além de seu histórico como prefeito de Araraquara (SP) e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, Edinho se apresenta como figura de confiança do presidente Lula. Conforme avaliação da ex-presidente estadual do partido, vereadora Kátia Maria, sua eleição se dá em um momento crucial em que “a direita e o Centrão jogam de forma incisiva contra pautas sociais e trabalhistas”.
Kátia pontua que o novo comando nacional terá o desafio de “agir pela capilaridade, garantir alianças com outros partidos e destravar o orçamento para que políticas sociais sejam efetivas”.
Nas palavras de Edinho, trata-se de uma “oportunidade histórica” de debater um projeto de desenvolvimento nacional que promova justiça fiscal e amplie os direitos sociais, ao mesmo tempo em que se enfrentam narrativas contrárias às ações do governo federal.
Accorsi no PT em Goiás
Adriana assume presidência estadual do PT no lugar da vereadora Kátia. Foto: Câmara dos Deputados
No âmbito estadual, a deputada federal Adriana Accorsi foi eleita presidente do PT de Goiás com expressivos 95,85% dos votos. O resultado foi divulgado na noite de segunda-feira (7). Neyde Aparecida continuará à frente da legenda em Goiânia, enquanto a nova direção se prepara para ampliar o enraizamento do partido nas bases.
Ao O HOJE, Adriana destacou que sua prioridade será “ampliar o diálogo, fortalecer chapas competitivas e garantir que o PT se apresente como alternativa vigorosa em Goiás”. A presidente eleita afirma que a nova direção vai conduzir a discussão sobre a participação do partido na disputa pelo governo estadual em 2026, seja como cabeça de chapa ou em composição ampla com aliados.
Para Adriana, também será fundamental investir em comunicação com a população para combater fake news e divulgar os projetos sociais e econômicos do governo Lula, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
O deputado Mauro Rubem avalia que a eleição de Adriana fortalece a presença do PT em todo o território goiano. “Ela é o nome de maior expressão política do partido no Estado e vai nos ajudar a aprofundar a relação com a sociedade”, afirma.
Já Kátia Maria destacou que a nova direção deve pavimentar o caminho para que Lula tenha um palanque robusto em Goiás, Estado onde obteve seu maior desempenho proporcional no Centro-Oeste nas eleições de 2022. “Se houver essa continuidade, acreditamos na possibilidade de eleger três deputados federais e cinco estaduais”, projeta a vereadora.
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