O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se defende, nesta segunda-feira (30/6), da acusação de ter traído o governo Lula (PT) em caso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O parlamentar pautou, na última quarta-feira (25/6), a votação do Projeto de Decreto Legislativo 214/2025, que sustou os efeitos do Decreto nº 12.466, de 22 de maio de 2025 — responsável pelo aumento do IOF. O ato foi tratado pela oposição como uma vitória histórica em cima do Executivo.
Por outro lado, após o resultado da votação, o Planalto manifestou que vê a relação abalada com Motta. A ação pegou Lula e os seus aliados de surpresa, o presidente da Casa teria quebrado a promessa, afirmaram os interlocutores. A acusação não ficou restrita aos governistas, parcela significativa da imprensa e alguns setores da sociedade também o acusaram de ter traído o governo.
No entanto, o presidente veio à público se defender em vídeo que foi gravado para as suas redes sociais. Em referência a Lula, disse: “O capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no parlamento”. Sem meias palavras, no início de vídeo apontou: “Hoje temos um Hoogle (Hugo + Google) especial para falar sobre o IOF e muitas outras coisas que falaram aqui em Brasília nesta última semana”.
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Supostamente em resposta a uma pergunta feita por um usuário: “E essa história de que o Congresso não olha para o povo, hein? Fake ou real?”. “Fake. Primeiro, quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos. A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda, de direita, decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, o imposto que afeta toda a cadeia econômica. A polarização política no Brasil tem cansado muita gente e agora querem criar a polarização social”, afirmou Motta.
“No mesmo dia em que derrubamos o aumento do IOF, aprovamos outras três medidas importantes para o nosso País. A primeira delas foi uma medida provisória que permite o investimento de R$ 15 bilhões em habitação no nosso País”, rebateu.
“Nessa mesma medida, incluímos a permissão para que o governo possa vender o excedente de petróleo, que ajudará o governo a arrecadar algo em torno de entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões sem aumentar impostos. Aprovamos também o crédito consignado privado. Aprovamos um projeto de lei que garante a isenção do pagamento de imposto de renda para as pessoas que ganham até dois salários mínimos”, completou.
Traição a Lula
Na segunda pergunta, um suposto usuário questiona: “O governo diz que se sentiu traído e que foi pego de surpresa com a votação do IOF. Fake ou real?”. Foi o momento em que o presidente da Câmara respondeu de forma icônica. “Fake. O capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no parlamento”, declarou. “O presidente de qualquer poder não pode servir a um partido, ele tem que servir ao seu país.”
Morde e assopra
“E sobre o pessoal que falou na imprensa que você é morde e assopra? Fake ou real?” A expressão popular significa que ele fere os sentimentos alheios com atitudes ofensivas, mas, depois, tenta agradar a pessoa que antes magoou — pede desculpas e age como se nada de desagradável tivesse ocorrido. Motta respondeu: “Real”.
“Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder. Mas se essa ideia for boa, eu vou assoprar para que ela possa se espalhar por todo o País. Ser de centro não é ter ausência de posição, é ter ausência de preconceito. E podem ter certeza, se uma ideia for boa, nós vamos defender e assoprar para que ela possa atingir todos os brasileiros e brasileiras”, finalizou. (Especial para O Hoje)
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