Lançado na terça-feira (24), durante a programação oficial da Romaria do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), o documentário “Sino Peregrino – O Som da Esperança” narra a jornada do maior sino católico que badala no mundo. Produzida de forma independente, a série foi gravada em português, inglês e polonês, e tem cinco episódios que serão exibidos pela TV Pai Eterno e disponibilizados em plataformas digitais.
A direção é do jornalista Teo Taveira, ex-correspondente internacional da TV Record. O pré-roteiro é de Marcelo Canellas, jornalista com mais de 30 anos de carreira e autor do documentário Boate Kiss – A Tragédia de Santa Maria, da Globoplay. A produção executiva é de Elaine Camilo, ex-produtora especial da TV Globo.
O sino Vox Patris (A Voz do Pai) percorreu mais de 12 mil quilômetros, da Polônia até Trindade, passando por quatro mares, entre eles o Báltico e o Atlântico. Mais que uma operação logística, a série documenta uma peregrinação carregada de fé e reflexão.
“É a história de uma mensagem de transformação que atravessa o mundo e precisa ser ouvida”, resume Teo Taveira. Para ele, o simbolismo do sino pode ser compreendido de forma religiosa ou simbólica. “É a voz da reflexão. Todos precisamos dela, religiosos ou não.”
A série também retrata momentos de crise, como a falha na primeira fundição e o escândalo da Operação Vendilhões. “Estamos comprometidos em contar a história completa, não recortes dela. O papel da comunicação é gerar transformação pela reflexão”, afirma Taveira.
Segundo Canellas, a série mostra como “um grupo de devotos, reunidos na casa de um casal de caboclos do século XIX, se transformou numa festa de multidões como é a festa de Trindade”. A produção valoriza a cultura oral, a religiosidade popular e os protagonistas da romaria: romeiros, carreiros, operários e artistas.
O artista plástico Silvio Morais, natural de Anápolis, foi o responsável pelas gravuras forjadas no instrumento. Ele ilustrou com cenas que contam a história da devoção ao Pai Eterno, utilizando elementos como o pequi, o ipê, animais do Cerrado e a tradicional procissão de carros de boi.
“Eu achei por bem trazer essa cultura e deixá-la registrada no sino, uma cultura popular, do povo simples da zona rural”, afirma. Os desenhos também trazem crítica ao desmatamento, como alerta ambiental. “Sem preservação da Casa Comum não há religião, fé ou cultura.”
O reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, padre Marco Aurélio Martins, acredita que a obra aproxima o Brasil e o mundo da devoção iniciada há 185 anos, com o encontro do medalhão por Constantino e Ana Rosa Xavier. “Porque é de pai para filho que a história continua e a fé vai sendo celebrada e vivenciada. O documentário quer garantir a eternidade dessa devoção.”
O episódio de estreia, O chamado, aborda o sino como resposta ao colapso espiritual do mundo. Em O teste da fé, são retratadas a falha na fundição e a Operação Vendilhões. A jornada mostra a travessia entre Polônia e Brasil. A espera destaca a tradição dos carreiros e a preparação dos romeiros. Por fim, A Voz do Pai encerra com o impacto do primeiro toque em Trindade. “Vamos ouvir quem realmente viveu a história, não apenas porta-vozes”, diz Taveira.
A série também destaca o valor simbólico do sino na cultura goiana e na religiosidade do Brasil, representando a esperança e a superação de crises, além do convite à reflexão sobre a fé e a relação humana com o meio ambiente. Por meio da combinação de imagens, relatos e música, o documentário envolve o público em uma experiência emocional que transcende fronteiras. O lançamento foi acompanhado por um coquetel e painel de debate, reunindo especialistas e romeiros em uma noite que celebrou a fé, cultura e arte.
Vox Patris: O chamado do Cerrado que une fé, arte e preservação
Forjado na Polônia e com cerca de 4,5 metros de altura, o sino Vox Patris carrega nas superfícies de bronze não só cenas religiosas, mas também um registro artístico da cultura do Cerrado e da fé goiana. É o maior sino católico do mundo que badala, e seu nome, que significa “A Voz do Pai”, sintetiza o caráter simbólico de sua existência: um chamado coletivo à espiritualidade, à preservação e à reconexão.
O artista plástico Silvio Morais, responsável por criar as ilustrações que revestem o sino, levou cerca de um ano desenhando e pintando as telas em lona que, depois, foram transformadas em moldes e enviadas à fundição na Polônia. “Os desenhos que foram aplicados na fundição do sino foram pensados de forma a registrar o nosso contexto regional, do nosso Estado, da nossa cultura de Trindade e do povo goiano”, contou Silvio.
Além das referências à fé e à religiosidade popular, o sino também carrega uma crítica visual ao desmatamento do Cerrado. O artista fez questão de incluir esse alerta como parte da arte sacra. Segundo ele, preservar a “Casa Comum” é um valor essencial para que a fé se mantenha viva. “Sem preservação da natureza não há religião, fé ou cultura”, afirmou.
As gravuras também contam a origem da romaria em Trindade, a partir do achado do medalhão por Constantino e Ana Rosa Xavier, em oito cenas divididas ao longo do corpo do sino. Algumas áreas foram propositalmente deixadas lisas, para que o som não fosse prejudicado. Para Silvio, o sino é também uma extensão de sua própria fé. “Eu me identifico muito com essa obra. É tudo que eu pensei e sonhei. Me sinto muito grato ao Pai Eterno por esse momento na minha vida.”
A obra do artista transcende o simples papel estético para se tornar uma verdadeira homenagem ao povo goiano e à sua relação com a fé. Cada detalhe no sino foi pensado para unir arte, história e espiritualidade. Silvio destaca a importância da arte sacra como meio de conectar o sagrado com o cotidiano das pessoas e reforça sua devoção pessoal ao Pai Eterno, que orientou sua criação.
Ontem, quarta-feira (25), foi realizado um teste do Vox Patris no canteiro de obras da nova Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade. A primeira badalada oficial do maior sino do mundo vai acontecer hoje, às 19h30, após uma missa celebrada pelos Missionários Redentoristas.
Durante a cerimônia, o sino irá tocar duas vezes, marcando o início da Romaria do Divino Pai Eterno, que segue até 6 de julho. O Vox Patris ficará exposto ao público durante o evento e será instalado definitivamente no campanário da nova basílica após a conclusão das obras.
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