A Organização das Nações Unidas denunciou que Israel utilizou pontos de distribuição de ajuda humanitária em Gaza como armadilhas letais. Segundo o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, 410 palestinos foram mortos enquanto buscavam comida. Os dados se referem a ações desde 26 de maio, quando Israel implementou o atual modelo de entregas com apoio da Fundação Humanitária de Gaza (FHG).
A entidade é a única autorizada por Israel para atuar na região, com aval também dos Estados Unidos. No entanto, a ONU afirma que o sistema vem causando mortes recorrentes. Só em junho, houve três episódios de massacres: 31 mortos no dia 2, 27 no dia 3 e outros 51 no dia 17.
Nesta terça-feira, quando se iniciou o cessar-fogo entre Israel e Irã, cerca de 50 palestinos foram mortos ao irem em busca de ajuda humanitária e nós pontos de distribuição, segundo o Ministério da Saúde Local.
O porta-voz Thameen Al-Kheetan afirmou que “a instrumentalização da comida contra civis, além de restringir ou impedir o acesso a serviços essenciais para a sobrevivência, constitui um crime de guerra e, em determinadas circunstâncias, pode representar elementos de outros crimes, segundo o direito internacional”.
Segundo ele, os palestinos enfrentam uma escolha desumana: “morrer de fome ou correr o risco de serem mortos ao tentar conseguir comida”.
Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, também condenou o mecanismo. Para ele, “o chamado mecanismo de ajuda, criado recentemente, é uma abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas. É uma armadilha mortal, que custa mais vidas do que salva”.
A ONU afirma que, além das mortes, 3.600 palestinos ficaram feridos em ações ligadas à distribuição de alimentos. Entidades internacionais se recusam a cooperar com a FHG, presidida por Johnnie Moore, pastor americano pró-Israel. Desde outubro de 2023, mais de 56 mil palestinos foram mortos e 130 mil ficaram feridos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local.
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