A cadeia produtiva do feijão em Goiás passa por um momento de consolidação e expansão, tanto no mercado interno quanto externo. Impulsionado por avanços tecnológicos e estratégias de diversificação, o estado aposta no cultivo de feijão biofortificado como alternativa competitiva para exportação, com destaque para a Índia como possível novo destino comercial. Além de atender à crescente demanda internacional, a iniciativa reforça a vocação agrícola de Goiás, que hoje ocupa o terceiro lugar na produção nacional do grão.
O feijão é o quarto grão mais cultivado no país, essencial para a segurança alimentar e amplamente presente na mesa dos brasileiros. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil colheu 3,2 milhões de toneladas de feijão na safra 2023/24, um aumento de 100 mil toneladas em relação ao ciclo anterior. Goiás contribuiu com 349,5 mil toneladas, atrás apenas de Paraná e Minas Gerais. Atualmente, 81 municípios goianos cultivam feijão, aproveitando o potencial das três safras anuais, com destaque para a terceira, irrigada, que representa 65,1% do total estadual.
Oscilações climáticas desafiaram a colheita
Apesar do cenário positivo, o setor enfrentou desafios climáticos no início do ano, com excesso de chuvas em janeiro e fevereiro que atrasaram a colheita da primeira safra e afetaram a qualidade de parte dos grãos. Ainda assim, o plantio da terceira safra foi concluído até o fim de junho, respeitando o calendário do vazio sanitário e mantendo boas perspectivas, especialmente nas regiões leste e do Vale do Araguaia.
Feijão biofortificado impulsiona Goiás
Além da produção convencional, Goiás se posiciona estrategicamente no mercado de feijões com alto valor nutricional. O estado lidera, ao lado de centros de pesquisa como a Embrapa, o cultivo e o desenvolvimento de feijões biofortificados, com teores elevados de ferro, zinco e proteína. Essa variedade é vista como aliada no combate à anemia e à desnutrição, especialmente em populações com restrições no consumo de proteína animal.
“A biofortificação é uma ferramenta poderosa para promover a saúde pública e agregar valor ao produto agrícola. Estamos avançando em políticas públicas e ações técnicas para transformar Goiás em fornecedor competitivo nesse nicho de mercado”, afirma Christiane de Amorim, gerente de Inteligência de Mercado Agropecuário da Secretaria Estadual de Agricultura.
Caupi biofortificado pode abrir portas
O grão escolhido para essa nova fronteira comercial é o feijão-caupi biofortificado, também conhecido como feijão-de-corda. Desenvolvido pela Embrapa Meio Norte, o caupi biofortificado contém, em média, 90 mg/kg de ferro e 50 mg/kg de zinco — índices muito superiores aos do caupi convencional. Além do alto valor nutricional, ele apresenta vantagens como resistência a pragas, ciclo precoce e adaptabilidade à agricultura familiar.
Durante o The Pulses Conclave 2025, evento internacional realizado em Nova Déli, o governador Ronaldo Caiado apresentou o feijão goiano como solução viável ao programa de segurança alimentar indiano. A Índia é o maior produtor mundial de feijão, com cerca de 27 milhões de toneladas por ano, mas o consumo interno supera os 30 milhões, gerando necessidade de importação. Além disso, o governo local oferece incentivos fiscais para a importação de alimentos, tornando o mercado promissor para os exportadores brasileiros.
Goiás diversifica cultivares
Outra aposta de Goiás está no feijão carioca biofortificado, cujo lançamento está previsto para agosto durante uma feira agrícola no Nordeste. Desenvolvido pela Embrapa Arroz e Feijão, o novo cultivar também visa atender editais públicos voltados à alimentação escolar e institucional. A ideia é agregar valor para agricultores familiares e cooperativas, ampliando o acesso a alimentos mais nutritivos em creches, escolas e hospitais.
Combinando tecnologia, vocação agrícola e estratégia comercial, Goiás se consolida como peça-chave no futuro da produção e exportação de feijões diferenciados no Brasil. O estado mira não apenas em novos mercados, mas em soluções concretas para um problema global: a segurança alimentar.
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