As movimentações para as eleições de 2026 já começaram. Desde o resultado do pleito municipal do ano passado, já se pode perceber, sem dificuldade, as costuras encabeçadas por nomes da política nacional e regional.
Em paralelo a este cenário, hoje, um dos mais importantes partidos do Brasil é, sem dúvida, o PL, sigla que abriga o ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Com isso, nos bastidores o comentário é que o partido certamente não será um mero coadjuvante nas eleições de 2026.
Se depender das projeções, a sigla tende, na verdade, a ganhar ainda mais força. Mas isso não é sinônimo da ampliação do número de governadores por estado. O sinal, especialmente diante das declarações do ex-presidente no sentido de que seu exército vai à guerra em busca de ampliar sua representatividade no Senado, é de que a estratégia tende a ser outra.
O que se estima é que o PL tende a adotar uma tática eleitoral que escapa ao olhar menos atento, mas que revela um cálculo político meticuloso: a manutenção estratégica de candidaturas nos estados.
Trata-se de uma movimentação pensada não necessariamente para vencer todas as disputas para os governos estaduais, mas para assegurar musculatura nas negociações eleitorais que envolvem o Senado, instância, como dito, prioritária para a legenda.
Não à toa, a sigla já crava posição na disputa pelo Executivo em quase todos os diferentes estados e regiões do País. Isso porque a engrenagem dessa estratégia funciona a partir de uma lógica simples: quanto mais tempo um pré-candidato do PL se mantém na disputa por um governo estadual, mais valor ele agrega à sua eventual desistência.
Isso porque a manutenção das candidaturas, mesmo que de forma simbólica, permite ao partido acumular capital político, visibilidade e espaço no debate. Ao não retirar seus nomes do jogo, o PL infla seu potencial de barganha, especialmente em estados onde a legenda não lidera a corrida, mas pode ser decisiva para o desfecho do pleito.
Nesse contexto, Goiás pode simbolizar um bom exemplo. Ao menos por ora, há um protagonista: o vice de Caiado e propenso candidato pela base governista no ano que vem, Daniel Vilela (MDB).
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O senador Wilder Morais (PL), por outro lado, não titubeia ao afirmar que estará na briga pelo Governo em 2026. Nos bastidores, porém, o comentário que ganha força é de que o PL tende a recuar – no momento certo – para negociar a indicação de uma vaga ao Senado na chapa governista. Em outras palavras, a ideia é tornar o mais certo possível a eleição de um bolsonarista para se juntar a Wilder, que já é senador, no Congresso.
Alcançar a maioria esmagadora de senadores faz sentido ao PL. É ali que o partido vislumbra ampliar seu poder institucional nos próximos anos, mirando uma bancada forte, fiel e alinhada ao projeto bolsonarista. Para tanto, o partido sabe que, em alguns estados, apoiar candidatos mais competitivos ao governo — ainda que de outras legendas — pode ser um caminho mais eficiente para garantir apoio de volta nas candidaturas ao Senado. O apoio ao Executivo estadual, nesses casos, vira moeda de troca por um palanque robusto para seus postulantes ao Legislativo.
Por isso, o PL se empenha em manter no ar, por mais tempo possível, candidaturas que talvez jamais se concretizem. Essa postura revela um partido que entende o jogo para além da vitória imediata. Trata-se de uma política de médio prazo, que privilegia o acúmulo de poder institucional em detrimento de vitórias pontuais no Executivo.