Em sua agenda internacional, durante visita oficial a Moscou na última sexta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom nas críticas à guerra tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em uma reunião bilateral com o presidente russo Vladimir Putin no Kremlin, o petista afirmou que as recentes decisões de Trump de impor tarifas unilaterais sobre o comércio global minam os princípios do livre comércio, o fortalecimento do multilateralismo e o respeito à soberania dos países.
“As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxação de comércio com todos os países do mundo de forma unilateral joga por terra a grande ideia do livre comércio, joga por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo e joga por terra muitas vezes o respeito à soberania dos países que nós temos que ter”, disparou o presidente.
O tom ácido reflete a crescente tensão entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente após a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio brasileiros. Lula já havia alertado anteriormente que tais medidas poderiam levar a um aumento da inflação global e prejudicar as relações comerciais entre os países.
Em resposta às tarifas, o governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), tem buscado uma solução diplomática, enfatizando a importância do diálogo e da reciprocidade nas relações internacionais. Alckmin destacou que retaliações imediatas poderiam prejudicar a economia nacional e que o foco deve estar em negociações que beneficiem ambas as partes.
A visita de Lula à Rússia também teve como objetivo fortalecer os laços bilaterais entre os dois países. Na reunião com Putin, os líderes discutiram a ampliação da parceria estratégica em áreas como comércio, cultura, ciência e tecnologia, incluindo a colaboração no desenvolvimento de pequenas usinas nucleares.
Além disso, Lula participou das comemorações do 80º aniversário da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. A ida do petista ao evento foi interpretada como um sinal de compromisso com o multilateralismo e a cooperação internacional, apesar das críticas internas e das tensões diplomáticas decorrentes da participação do Brasil na Corte Penal Internacional, que possui uma ordem de detenção contra Putin.
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China
Após a estadia na Rússia, Lula segue viagem rumo a China. Acompanhado da primeira-dama Janja da Silva; do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); e de ministros da Esplanada, o petista disse esperar que o resultado das reuniões no país asiático seja o fortalecimento da união com os chineses e novos acordos firmados.
Uma força-tarefa para que as reuniões na China sejam bem sucedidas está acontecendo, segundo o presidente. “Há uma mobilização de toda a Esplanada para intensificar essa relação com a China no campo da infraestrutura, das finanças e de ciência, tecnologia e inovação”, garantiu.
A potência asiática, que rivaliza a hegemonia econômica mundial com os americanos, é o principal parceiro comercial do Brasil. A visita ao país representará o 3º encontro de Lula com o presidente chinês Xi Jinping. A relação estreita e amistosa com Jinping e Putin, em meio aos embates com Trump, representa a intenção de Lula de, cada vez mais, intensificar as relações diplomáticas e comerciais para além dos Estados Unidos. (Especial para O Hoje)