O PP e o União Brasil (UB) acordaram, na quarta-feira (24), a federação entre as legendas, com anúncio previsto para a próxima terça-feira (29), às 15h. Presidente nacional pepista, o senador Ciro Nogueira disse em story do Instagram, ao lado do presidente do UB, Antônio Rueda, que “vem novidade boa em breve”.
A federação das legendas impacta o cenário político de várias formas, inclusive, nos planos do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) de disputar a presidência. O goiano já enfrentava resistências internas do partido, com alas pela defesa da manutenção de apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outras que queriam caminhar com o indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível (apesar de se dizer pré-candidato). Agora, o PP e seus interesses entram na equação.
Ciro Nogueira, o presidente nacional do PP, tem trabalhado para ser vice em uma chapa à presidência da direita. Em vez de Caiado, ele tem dito que Bolsonaro vai bancar governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (hoje Republicanos, mas pressionado a ir para o PL).
Tarcísio tem dito que disputará a reeleição ao governo de São Paulo, mas nada está fechado. Além dele e Caiado, há, ainda, outros nomes da direita, como os governadores do Paraná e de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD) e Romeu Zema (Novo). E, claro, Bolsonaro ainda pode emplacar um nome do próprio clã (um dos filhos) – o que não é tão bem-visto pelos partidos de centro. Ciro, como um dos maiores líderes do centrão, tende a buscar a vice do nome de consenso – e nada impede que seja Caiado, mas ele precisa deslanchar.
O presidente do PP defendeu a federação com o União Brasil justamente para dar mais força aos seus planos. A junção formará o maior agrupamento da Câmara dos Deputados, com 108 parlamentares, e o terceiro do Senado, com 13 senadores. A ideia é, de fato, se tornar uma grande força do centro.
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Por outro lado, o governador Ronaldo Caiado foi e é contra a federação. Justamente, conforme fontes, porque a medida fortalece Ciro e o enfraquece. O gestor, assim como o próprio Bolsonaro, depende do centrão de Nogueira.
Outra visão
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), disse ao jornalista Domingos Ketelbey, que o Ciro não vai atrapalhar os planos do governador Ronaldo Caiado, desde que ele alcance, pelo menos, 10% das intenções de voto. “Ele pode falar que é pré-candidato. Se amanhã não atingir o índice, que acho difícil não atingir, aí fica na prerrogativa de indicar o vice.”
Mesmo se o PL lançar candidato, Mabel garante que Caiado poderá disputar, caso chegue aos 10%. “A federação é a chance da vida dele.”
Federações
Sobre as federações, elas devem ser formadas por dois ou mais partidos que se juntam para atuar como um só. Elas são submetidas às mesmas regras que são aplicadas aos partidos políticos.
Por isso, elas podem formar coligações com outras legendas para cargos majoritários, por exemplo. Neste ano, em Goiânia, a federação do PT, PCdoB e PV se coligou com o PSB e também com outros federados, o PSOL e a Rede.
As federações existem desde 2021, quando foram aprovadas por uma reforma eleitoral do Congresso Nacional. A atuação, contudo, passou a valer em 2022.
E se alguém sair?
Caso haja o desligamento de uma legenda da federação antes do prazo, ela continua a existir, desde que sobrem, pelo menos, dois partidos. Aquele que saiu terá como punições: proibição da utilização do fundo partidário até a data fim da federação e não fazer coligação pelas próximas duas eleições.