A cidade de Goiás, uma joia barroca do Centro-Oeste brasileiro, experiencia em abril um de seus instantes mais emblemáticos a celebração da Semana Santa. Em 2025, esse evento religioso e cultural festeja 280 anos de tradição, comprovando o lugar da cidade como um dos maiores pontos de turismo religioso do Brasil. Declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO e tombada pelo IPHAN, a antiga capital goiana reúne milhares de devotos e visitantes que se emocionam com missas, procissões, cânticos sacros e encenações exclusivas no país.
A agenda começou no dia 31 de março, com a Semana dos Passos, continuando com a Semana das Dores e, por fim, culmina na Semana Santa, entre 13 e 20 de abril. O clímax das festividades acontece na madrugada de quarta para quinta-feira (16/4), com a famosa Procissão do Fogaréu. Às 23h59, os farricocos – figuras encapuzadas com vestes coloridas e archotes nas mãos – caminham pelas ruas da cidade com as luzes desligadas, simulando a perseguição e aprisionamento de Jesus Cristo.
A cerimónia, das mais marcantes do calendário litúrgico local, nasceu inspirada em manifestações espanholas, porém reinventada em chão goiano.
A Semana Santa, promovida pela Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, fundada em 1745, é uma parceria com a Organização Vilaboense de Artes e Tradições OVAT, a Catedral de Sant’Ana, o Santuário de Nossa Senhora do Rosário e também a Paróquia de Santa Rita. A produção do evento mexe com dezenas de profissionais, entre coordenadores, produtores e artistas locais.
Ademais da Procissão do Fogaréu, a programação traz vários momentos que causam impacto, tipo o Lava-Pés 17/4, a Procissão das Almas 17/4, os Cantos do Perdão masculino e feminino 18/4 e o Descendimento da Cruz 18/4, seguindo da Procissão do Enterro. Domingo de Páscoa, dia 20/4, a Missa Solene mostra a celebração da ressurreição, seguida pela saída da Folia do Divino Espírito Santo, que passeia pela cidade até 22 de abril.
Muito além de um evento de fé, a Semana Santa é coisa que movimenta a economia local. Com o suporte do Governo de Goiás, o projeto teve quase R$ 400 mil — R$ 200 mil vindos da Secretaria da Cultura e o demais vindo do Programa Goyazes, com a Equatorial Energia como patrocinadora. Yara Nunes, a Secretária Estadual da Cultura, ressalta que a comemoração “além de guardar o patrimônio imaterial, impulsiona o progresso regional, cria trampo e impulsiona a indústria da cultura”.
Com a infraestrutura melhorada, o evento deste ano vem com intérpretes de Libras, acessibilidade pras pessoas com alguma deficiência e coleta seletiva de lixo, seguindo a Resolução nº 2/2025-CEC, que bota a sustentabilidade em eventos culturais como algo primordial.
Para os moradores de Vila Boa, a Semana Santa é coisa de tradição e tudo mais: é uma memória viva. Nas ruas de pedra que acendem com tochas, entre cantos antigos e teatros de tempos longínquos, cada passo faz o passado soar e acende a fé de um povo. Com muita fé, arte e a própria identidade, a cidade de Goiás comemora três séculos de devoção, numa apresentação de beleza e perseverança cultural.
