Em entrevista ao jornal O Hoje, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informou que no ano de 2024, foram realizados 78 atendimentos de úlcera de decúbito, também conhecida como úlcera de pressão ou escara, em Goiânia. Além disso, foram registrados outros sete atendimentos de transtorno não especificado dos tecidos moles relacionados com o uso excessivo e pressão.
O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (HUGO) tem reduzido significativamente os casos de lesão por pressão (LPs), um tipo de ferida causada pela permanência prolongada na mesma posição, principalmente em pacientes acamados. Em junho de 2024, quando o Einstein assumiu a gestão da unidade, a média mensal era de 80 casos. Seis meses depois, esse número caiu para 34, representando uma redução de 57%.
Segundo o consenso internacional de lesões por pressão National Injury Advisory Panel (NIAP), a lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou em tecidos moles, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada a algum dispositivo médico. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta, e ocorre como resultado de pressão intensa e/ou prolongada.
As lesões por pressão comuns em pacientes que ficam muito tempo acamados ou na mesma posição e, além de causarem incômodo e dor, podem ser uma porta de entrada para infecções e causar deformidades permanentes.
“A incidência de lesões por pressão impacta diretamente na qualidade e segurança do paciente por causar dor e risco de contrair infecção hospitalar, além de representar custos, já que pode colaborar para o aumento do tempo de permanência”, conclui Alexsandra, enfermeira estomoterapeuta do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), que também é administrado pela organização. Para reduzir esses casos, o hospital investiu na capacitação da equipe e na adoção de tecnologias inovadoras, como curativos a vácuo, que aceleram a cicatrização e reduzem riscos de complicações.
A redução das LPs também impactou positivamente a taxa de complicações relacionadas a feridas mais graves. Houve uma queda de 84% nos casos de lesões em estágios avançados (3 e 4), que podem ser fatais se não tratadas adequadamente. Esses números indicam uma evolução significativa na qualidade do atendimento prestado aos pacientes.
“O índice baixo de LPs é um importante indicador de qualidade assistencial, refletindo a efetividade das práticas de cuidado e prevenção adotadas pela equipe de saúde”, explica Thatianne Santana, enfermeira dermatológica.
Já no HMAP, a taxa de LPs adquiridas no hospital caiu para 3,26 a cada mil pacientes. Esse número já foi duas vezes maior, antes da implantação do Grupo de Atenção às Estomias e Feridas (GAEFE) , que ocorreu em outubro de 2022.
Para um tratamento de qualidade é necessário que ocorra a combinação de diversos procedimentos hospitalares e treinamento adequado da equipe multiprofissional. Algumas das ações que podem ser implementadas a fim de reduzir a incidência das LPs é a confecção de posicionadores personalizados para pacientes com alto risco de desenvolver as lesões; mudança frequente de posição dos pacientes nos leitos dos pacientes; uso de coberturas de curativos com alta tecnologia e utilização de técnicas avançadas, como a terapia por pressão negativa com infiltração de soro, indicada para lesões de alta complexidade, proporcionando resultados mais rápidos e eficazes.
Dados divulgados em 2020 trazem que ocorreram, no Brasil, um total de 29.356 casos notificados. Dessa forma, destaca-se a importância do cuidado com pacientes acamados a fim de evitar o desenvolvimento de lesões por pressão. Uma vez que nos Estados Unidos, as LPPs chegam a 2,5 milhões de pessoas por ano. Dentre esses, 60 mil evoluem para óbito. Além disso, custam anualmente, para os hospitais, entre US$ 9,1 e US$ 11,6 bilhões.